"Transportes públicos em Portugal estão abaixo do potencial." Novo curso quer aumentar qualificação do setor
A pós-graduação “Mobilidade do Futuro” pretende equipar profissionais públicos e privados com competências para responderem às exigências dos utentes e tornarem as cidades mais sustentáveis
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Para qualificar os profissionais do setor dos transportes públicos, o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa da Universidade de Lisboa (ISCTE) e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), com o apoio das Universidades do Minho e do Porto, lançam a pós-graduação “Mobilidade do Futuro”. O curso será online para dar acesso aos profissionais de fora das grandes áreas metropolitanas e os inscritos são, maioritariamente, do setor público e da área do turismo.
João Jesus Caetano, Presidente do IMT, alerta que “a capacidade dos transportes públicos em Portugal está muito abaixo do seu potencial por falta de qualificação do setor”. “Não há forma de fazermos a transição tecnológica e energética no setor dos transportes enquanto não tivermos profissionais qualificados nas entidades públicas”, defende.
À TSF, a professora e investigadora de transportes do ISCTE, Sofia Kalakou, afirma que as atuais condições de mobilidade não vão ao encontro das necessidades dos utentes, que exigem mais oferta e soluções sustentáveis. “As pessoas não precisam só de se mover do ponto A para o ponto B, precisam também de conhecer as suas viagens, precisam de serviços mais flexíveis, que possam responder às suas necessidades, precisam de serviços personalizados.” A investigadora afirma que este tipo de formação pode levar a cidades com menos emissões e transportes públicos com, por exemplo, “horários mais flexíveis”.
Em comunicado, João Jesus Caetano considera que é preciso mais investimento público e privado no setor. Em declarações à TSF, Sofia Kalakou reconhece que, nos últimos anos, os governos têm investido nos transportes públicos, mas afirma que ainda há um longo caminho a percorrer. A professora sublinha que há quem use o carro, porque não vê os transportes públicos como uma alternativa e que não passarão a vê-los sem que haja uma aposta mais forte no setor.
“Regulamentação e governação da mobilidade”, “transição digital em mobilidade” e “financiamento e investimento em projetos de mobilidade” são alguns exemplos de unidades curriculares desta pós-graduação.
Sofia Kalakou partilha que o número de inscrições superou as expectativas. Ao todo, mais de 90 pessoas inscreveram-se para as 35 vagas do curso e, por isso, o ISCTE está a considerar abrir uma nova turma.
