Um tratamento inovador do cancro do pâncreas, segunda neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo e que provoca a morte a 99% dos doentes, vai ser apresentado em Évora, nos Encontros da Primavera de Oncologia, que arrancaram hoje.
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A iniciativa, na 10.ª edição, é organizada pelo Serviço de Oncologia do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e decorre até sábado, reunindo perto de mil profissionais de Saúde.
No último dia, um dos temas em destaque é o cancro do pâncreas, sendo apresentado um novo tratamento para o carcinoma, aprovado em janeiro pela Autoridade Europeia do Medicamento (EMA).
Trata-se da primeira terapêutica, em sete anos, a ser aprovada para este tipo de cancro e demonstrou, através de estudos clínicos, aumentar a sobrevida do doente através da redução global de 28% no risco de morte.
O tratamento conta com um mecanismo de ação inovador dirigido às células do tumor no pâncreas que otimiza a atuação do fármaco, melhorando o acesso do medicamento às células do tumor.
O cancro do pâncreas é a 5.ª causa mais comum de mortes por cancro no mundo e é assintomático nos estádios iniciais, progredindo de forma muito rápida.
Das pessoas diagnosticadas, 99% acaba por morrer, sendo de apenas três a seis meses a sobrevivência média das pessoas com doença inoperável ou com metástases.
Ana Castro, médica oncologista do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, afirmou hoje à agência Lusa que o novo tratamento tem várias mais-valias e está já a ser utilizado em Portugal.
«Ao ser aprovado pela EMA, é aprovado pelo INFARMED em termos de fármaco. Já é utilizado, mas o reembolso, ou seja, o financiamento do fármaco pelo Estado, ainda carece de uma avaliação fármaco-económica», disse.
A terapêutica «é importante», segundo a especialista, porque «duplicou o número de doentes vivos aos dois anos» e, pela primeira vez, permitiu «dados de sobrevivência, ou seja, doentes vivos, aos três anos».
Outra novidade do estudo, destacou a especialista, é o facto de ser «um dos primeiros a reportar dados sobre a qualidade de vida» dos doentes.
Anualmente, surgem no mundo cerca de 280.000 novos casos de cancro do pâncreas. Em Portugal, estima-se que haja 1.225 novos casos por ano, dos quais 693 já com o tumor metastizado no momento do diagnóstico.