"Três anos a negar o inegável." Defesa de Ricardo Salgado elogia agora pedido do Ministério Público
O Ministério Público pediu estatuto de maior acompanhado para o ex-banqueiro
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A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado elogiou esta sexta-feira o Ministério Público (MP) por ter avançado com o pedido de estatuto de maior acompanhado. Após "três anos a negar o inegável", o advogado espera "que seja o caminho para a Justiça portuguesa volte a estar entre os trâmites da dignidade humana".
Em declarações aos jornalistas, à saída do tribunal, o advogado Francisco Proença Carvalho considerou que "o MP está a fazer um procedimento adequado" e insistiu que o arguido "já é maior acompanhado há muito tempo".
"Foram três anos a negar o inegável", prossegiui, acrescentando que "querem fazer de dele [Ricardo Salgado] o principal julgado quando não tem sequer memória".
O direito de defesa está esgamado
O MP pediu o estatuto de maior acompanhado para o ex-banqueiro Ricardo Salgado no âmbito do processo BES/GES, num requerimento enviado esta sexta-feira ao tribunal. Em declarações à TSF, Luís Menezes Leitão explica que o estatuto "é atribuído às pessoas que não tem capacidade para gerir a sua própria pessoa e bens".
Segundo o documento assinado pelos procuradores presentes no julgamento em curso no Juízo Central Criminal de Lisboa, o MP quer a emissão de certidão de documentos entregues pela defesa de Ricardo Salgado aquando da sua contestação e das suas declarações em tribunal realizadas na terça-feira, quando fez a identificação formal como arguido no julgamento, com vista à instauração do processo de maior acompanhado.
O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.