Um estudo elaborado pelo Observatório ACP revela que o automóvel domina as preferências e que os transportes públicos continuam a não ser opção para a população portuguesa.
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Os portugueses estão cada vez mais adeptos do carro e a taxa de motorização está a aumentar, com prejuízo para os transportes públicos. Estas são conclusões do estudo feito pelo Observatório ACP, entidade independente do Automóvel Clube de Portugal, apresentado esta terça-feira, em Lisboa.
Cerca de 90% dos inquiridos afirma ter automóvel e mais de metade das famílias têm 2 ou mais carros.
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Em cada quatro portugueses, três dizem conduzir diariamente, sobretudo nas deslocações casa-trabalho
Os transportes públicos surgem enquanto segundo modo de transporte mais frequente, com cerca de 10%". Os inquiridos no estudo reportam problemas de pontualidade, flexibilidade, frequência e tempo de viagem na utilização desta forma de transporte.
"A menor atratividade dos transportes coletivos não tem tanto a ver com a sua cobertura espacial, mas sim com a qualidade do serviço oferecido, onde a menor frequência e os transbordos são apontados como os aspetos mais negativos", lê-se no documento.
Uma situação "extremamente preocupante", reveladora de que "o peso do automóvel é enorme", diz o coordenador do estudo Fernando Nunes da Silva, professor catedrático do Instituto Superior Técnico.
Nos grandes centros urbanos onde foi feito o inquérito (Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro), apenas 7% dos inquiridos revelam ir a pé para o trabalho, enquanto 3,5% usam a moto e 0,2% a bicicleta.
As medidas para melhorar a segurança dos ciclistas "geram consenso junto dos condutores" aponta o documento.
Este estudo concluiu também que mais de metade dos automobilistas já foi mandada parar por brigadas de trânsito e quase metade (47%) admitiram ter falado ao telemóvel enquanto conduziam, seja por sistemas mãos-livres ou mesmo com o telefone na mão.
Um em cada cinco condutores já adormeceu ao volante e um em cada três diz ter pouca informação sobre a carta por pontos.
Também o estado de conservação e de sinalização das estradas registou avaliação negativa para a maioria dos inquiridos.