As associações culturais locais foram dos setores mais afetados pela tempestade Leslie, na noite de 13 para 14 de outubro do ano passado. Três meses depois, muitas associações ainda não estão reerguidas.
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Algumas acionaram seguros, mas outras estão dependentes do associativismo e da boa vontade dos voluntários, uma vez que não lhes foi disponibilizada qualquer linha de crédito.
No Centro Hípico de Montemor-o-Velho, a direção de voluntários tenta encontrar forma de suportar os 40 mil euros de prejuízos.
Os vestígios ainda são visíveis, desde um amontoado do que sobrou do telhado do estábulo, a tribuna do picadeiro destruída, algumas vedações por reerguer.
Elsa Monteiro, do Centro Hípico de Montemor o Velho conduz-nos pelas obras de reconstrução dos estábulos, que ficaram sem telhado. "Andámos a apanhar telhas do meio do campo. Voou por completo", recorda. Se não tivesse voado teria atingido os cavalos do centro equestre.
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Os 18 animais estão em instalações provisórias.
Três meses depois da tempestade, a vontade de reerguer é visível. Tem sido com o esforço dos voluntários e com angariações de fundos que têm realizado junto de privados e de empresas.
Para o Centro Hípico de Montemor-o-Velho não foi criada qualquer linha de apoio. Para esta associação e para muitas outras. Pedra a pedra, os custos estão a ser suportados pela associação. A resolução de conselho de ministros de 18 de outubro refere a necessidade de apoio às associações desportivas e recreativas afetadas pela Leslie, mas até agora não chegou nada. "Esta resolução ainda não foi concretizada. Ainda não foi dito como será esse apoio. E esta reabilitação é urgente. Temos de realojar aqui os cavalos. Isto não pode esperar mais", afirma.
E porque não pode esperar, o Centro Equestre de Montemor-o-Velho avança por conta e risco. Por conta já se percebe porquê, quanto ao risco, Elsa Monteiro refere que significa que não sabe se poderá depois afetar os custos aos apoios do Estado.
Como esta associação, dezenas de outras em Montemor-o-Velho atravessam o mesmo dilema. Emílio Torrão, o autarca local, descreve a situação do setor cultural e associativo três meses depois: "houve muitas associações que recorreram aos seguros e que têm a situação mais ou menos controlada, mas existem outras que não têm nada, que estão como ficaram. No espírito característico que as caracteriza começaram a fazer rifas e as suas atividades para angariar fundos e fazer os primeiros remendos", refere.
O autarca de Montemor o Velho confessa que tem sido pressionado pela população e explica a que portas tem batido para obter respostas. "Estou continuamente a ser pressionado, porque querem saber quando é que vai haver candidaturas para resolver o problema, porque as coisas degradam-se de forma quase irreversível em algumas situações. Recorremos à CCDRC e continuo à espera que saia o financiamento. Sabemos que demora algum tempo", acrescenta.
Enquanto não chega o apoio do Estado, as associações a nível local vão arregaçando as mangas e remendando o que a tempestade Leslie destruiu há três meses.