Trovoada com granizo em Vila Real causa prejuízos superiores a um milhão de euros
Agricultores de Campeã estão desolados com razia nas culturas de batata, milho e hortícolas, que eram a única fonte de rendimento para muitos deles. Veja as imagens da tempestade.
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Os agricultores da Campeã, em Vila Real, passaram a manhã desta quarta-feira a fazer contas à vida. Muitos deles perderam as colheitas de milho, batata e hortícolas, depois de uma trovoada acompanhada de chuva forte e granizo, na última tarde. A campanha de castanha pode ter ficado reduzida a metade. O prejuízo calculado, até agora, é de "mais de um milhão de euros".
Numa freguesia onde vivem cerca de 1400 pessoas, nem todas vivem da agricultura. Para muitas, é um complemento a outras atividades ou à pensão de reforma. No entanto, o balanço feito por Jorge Maio, presidente da Junta de Freguesia da Campeã, não deixa de ser "muito mau".
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O também presidente da Associação de Agricultores do Concelho de Vila Real contabiliza, após a avaliação feita no terreno durante a manhã, "entre 80 a 90 hectares de milho e batata totalmente destruídos". A freguesia da Campeã tem cerca de 600 hectares de castanheiros, em período de floração, em que "a produção vai cair para metade com toda a certeza". No total, para já, está apurado "mais de um milhão de euros de prejuízo para os agricultores".
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Ora, a maioria deles não tem seguros de colheita, pelo que Jorge Maio pede apoio ao Estado. "São situações singulares que ninguém previu, pelo que é preciso olhar para estes agricultores", frisa, "para que eles se possam manter no Interior do país".
Quem vive da agricultura e da pecuária, como é o caso de Alcídio Portela, de 59 anos, está desesperado. "Não vai haver nada, mas teremos de tentar colher alguma coisa, pelo menos para comer", desabafa. O que o deixa desolado é o compromisso com "as dívidas". É que só nos seis hectares de milho que perdeu tinha "investido 11.500 euros, em lavragem dos terrenos, sementeira, adubos e monda química".
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Mesmo que ainda aproveite alguma coisa, nunca dará para cobrir o investimento. Como se não bastasse, para além de não realizar dinheiro ainda vai ter de gastar outro, que não sabe onde arranjar, para comprar comida para as suas 28 vacas leiteiras e de produção de carne, às quais estava destinado o milho perdido. Se não tiver apoios, nomeadamente do Governo, "o mais certo é ter de as vender".
Alda Maio, agricultora de 43 anos, está numa situação semelhante. Perdeu "seis hectares de milho". "O que vamos fazer agora? O problema é o que vamos dar às vacas no próximo ano. Além de ter de comprar comida nem sei se a vai haver", desabafou.
A intempérie abateu-se sobre o vale da Campeã por volta das 18 horas de terça-feira, durante "quase 40 minutos". Foi uma forte trovoada, acompanhada de granizo de grandes dimensões, chuva forte e vento.
Jorge Maio explicou também que três casas desabitadas sofreram estragos. "Houve a derrocada de um telhado e uma parede está em risco de ruir para a via pública." Outras duas casas devolutas que já estavam sinalizadas "ficaram ainda mais degradadas". Registou-se ainda o arrastamento de terras e gravilhas para as estradas.
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