"Tudo leva a crer que vamos ter um aumento este ano." CIG alerta para pedidos de ajuda por violência doméstica
No Dia Internacional das Crianças Vítimas de Violência, a coordenadora do núcleo de violência doméstica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género revela que as pessoas estão mais preocupadas. À TSF, Marta Silva avança com os dados do 1.º trimestre de 2025
Corpo do artigo
O número de pedidos de ajuda por violência doméstica aumentou no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o período homólogo do ano passado, revelou esta quarta-feira a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG). Até ao final de março foram mais de duas mil crianças, numa altura em que "a maioria das agressões acontecem em contexto familiar".
Nos primeiros meses deste ano, foram acolhidas 2026 crianças (43% rapazes e 57% raparigas). A maioria tem entre os sete e 15 anos. Os números são avançados por Marta Silva, coordenadora do núcleo de violência doméstica da CIG, que, em declarações à TSF, adianta ainda que também há casos de jovens com mais de 18 anos, estudantes e sem autonomia para viverem sozinhos.
Relativamente às pessoas acolhidas em emergência, ou seja, casos em que as pessoas têm de ser acolhidas por estarem numa situação de risco e sair de casa imediatamente, foram acolhidas 505 pessoas até março. Deste número, 197 eram crianças e jovens até aos 18.
Só estes dados já levam Marta Silva a deixar o alertar: "Tudo leva a crer que vamos ter um aumento [dos pedidos] este ano."
A psicóloga sublinha a importância dos adultos, nomeadamente profissionais de educação, estarem atentos aos sinais de alerta.
Em crianças muito pequenas, medos de separação da figura de referência - nomeadamente a mãe -, choro fácil, birra, comportamentos oposicionistas, portanto, crianças que se opõem às ordens às regras, dificuldades de relacionamento com os outros meninos e com as outras meninas, regressão em comportamentos como voltar a fazer xixi, não conseguir controlar os esfíncteres. Depois, meninos mais velhos em idade escolar, baixa de rendimento escolar, tristeza evidente, dificuldade de relação com as outras crianças e crianças que se isolam, portanto, crianças que têm muita dificuldade em estabelecer relações com os outros.
Em 2024, a CIG acolheu mais de três mil adultos por questões de segurança, 99% dos quais foram mulheres. Destas vítimas de violência doméstica, mais de metade estavam acompanhadas por crianças.
