"Tudo vai disparar." Comerciantes preocupados com aumento do preço dos alimentos
No Mercado do Livramento, em Setúbal, já é percetível o aumento dos preços de vários bens essenciais, desde o peixe aos legumes.
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O impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia vai além das fronteiras de ambos os países. No Mercado do Livramento, em Setúbal, o efeito sente-se na subida dos preços dos bens essenciais e na diminuição da afluência de clientes ao local.
Carlos do Carmo, vendedor de peixe há 40 anos, diz que, agora, no mercado setubalense, "parece que, com a guerra, as pessoas desapareceram e não comem peixe". "Nunca pensei fazer aqui, num dia, 40 euros", lamenta, referindo que, num dia normal lucra cerca de 300 euros.
Na banca de Rogério Manata, o aumento dos preços já se sente. "O salmonete, o cantarilho", desaba, e "o chicharro, que era um peixe tão vulgar e era quase dado", acrescenta, está a um "a um preço exorbitante", porque, antes, estava entre sete e oito euros e, agora, está a 12. Na opinião do comerciante, tudo é "derivado aos combustíveis".
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À hora da passagem da reportagem da TSF, o negócio de Rogério Manata não tinha clientes. Noutros dias, "a esta hora, já costumava ter", principalmente "do interior, que agora não vêm" devido ao aumento das despesas criadas pela inflação do preço dos combustíveis. Para o comerciante, "se não se resolver o problema, principalmente para os barcos e os camiões", "tudo vai disparar".
Contudo, não é só na venda do peixe que se notam mudanças. "Até o feijão-verde", ressalva Juliana Costa, vendedora no Mercado do Livramento há "muitos anos", subiu de preço, algo que nunca pensou assistir, admitindo que "se não tivesse casa própria, provavelmente não conseguia pagar uma renda".
Caso os preços continuem a tendência crescente, a comerciante não tem dúvidas: "fico em casa" e, questionada sobre se o negócio rendia, a resposta também foi clara, "para mim não".