Tumultos em Benfica: anunciado "reforço de policiamento" para "subir confiança dos moradores"
O autarca de Benfica sublinha que não é certo que o caso dos carros incendiados esteja relacionado com os incidentes provocados após a morte de Odair Moniz, até porque o "modo de atuação não foi o usual"
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O presidente da junta de freguesia de Benfica, Ricardo Marques, revelou esta segunda-feira, à TSF, que será feito um "reforço de policiamento de visibilidade" na área, a fim de "voltar a subir a confiança dos moradores", após vários carros terem sido incendiados na sexta-feira
Ricardo Marques esteve reunido com os moradores, com elementos da PSP, na sequência dos tumultos. Como resultado, "foi combinado um reforço de policiamento de visibilidade".
"[Haverá] passagem de meios policiais, quer apeados, quer com viaturas, quer também com bicicletas nestas áreas, para que as pessoas sintam esta confiança. Temos um projeto-piloto com a PSP de Lisboa, chamado 'Policiamento de Proximidade' e iremos também colocar esses meios, que são dois agentes que irão nos próximos tempos circular mais nestas áreas, que são áreas com pouco comércio, portanto, são áreas em que, tendencialmente, não há um policiamento a meio do dia", conta, em declarações à TSF.
Ricardo Marques adianta igualmente que foi enviado esta segunda-feira um pedido à ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, para uma "reunião urgente", a fim de apurar para quando está marcada a "implementação da videoproteção em Benfica".
O autarca revela que pediu também uma reunião com o presidente da Câmara de Lisboa com o propósito de "auscultar a existência de alguma hipótese de fazer um programa municipal só para essas pessoas que foram lesadas por estes atos de vandalismo, ao longo da noite e madrugada de sexta-feira".
"O outro trabalho tem mais que ver com o nosso trabalho comunitário: hoje [segunda-feira] vamos reunir com as associações de moradores ao final do dia. Na quinta-feira vamos reunir com a comissão social da freguesia - temos mais de 90 entidades - de forma a criarmos uma linha de trabalho que, na prática, tem como grande objetivo destigmatizar estas comunidades, tirar este peso que temos, infelizmente, visto na comunicação social como se houvesse duas Lisboas ou até mesmo duas Amadoras. Não há", vinca.
A Grande Lisboa tem sido inundada por vários incidentes desde a morte de Odair Moniz às mãos de um agente da PSP. Ainda assim, Ricardo Marques sublinha que a polícia ainda não tem a certeza de que os tumultos registados em Lisboa tenham "uma relação direta" com este caso, apontando uma "questão muito simples" para tal.
"O modo de atuação não foi o modo usual. O modo que foi usado aqui na freguesia foi a utilização de uns pequenos depósitos de CO2, que têm um custo avultado. Nos locais onde foram realizadas estas ações de vandalismo, foram encontrados centenas destes pequenos depósitos de CO2. Aquilo é vendido às caixas e cada caixa daquelas custa 15 euros. Não é um ato normal daqueles de contestação que vimos agora. Houve aqui uma premeditação", explica.
Ricardo Marques aponta, por isso, que não está "fora de causa" que os autores destes atos tenham tido "outras motivações" e aponta como possibilidade a vontade de criar "mal-estar".
"Esperamos pacientemente que a PJ termine a investigação para depois podermos, com mais pertinência, perceber o que é que se passou de facto aqui na sexta-feira", afirma.
