Tumultos na Grande Lisboa: duas pessoas esfaqueadas e mais de 60 ocorrências. PSP "nega" invasão a casa de Odair Moniz
Sobre a alegada invasão à casa de Odair Moniz, a PSP "nega" e adianta que "ocorreu apenas a entrada numa casa, que não a que está referida nas notícias veiculadas"
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Duas pessoas foram esfaqueadas e mais de 60 ocorrências "de desordem e incêndio" foram registadas, na Grande Lisboa, na sequência dos tumultos após a morte de Odair Moniz, que foi baleado pela PSP, na Cova da Moura, avançou esta quarta-feira aquela força policial.
Em comunicado, a Polícia de Segurança Pública avança que, entre a noite e a madrugada desta quarta-feira, foram esfaqueados, "ainda que sem gravidade", duas pessoas - passageiros de um dos dois autocarros roubados e incendiados.
"A PSP, durante o final do dia de ontem [terça-feira] e a madrugada de hoje [quarta-feira], deteve três suspeitos da prática dos crimes de dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada, e registou 60 ocorrências de desordem e incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente caixotes do lixo) na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais, Sintra e Seixal tendo sido ainda apreendido diverso material inflamável", lê-se no documento.
Sobre a alegada invasão à casa de Odair Moniz, a PSP "nega" e adianta que "ocorreu apenas a entrada numa casa, que não a que está referida nas notícias veiculadas, em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, que se deslocaram ao local para apoio médico a uma criança e por solicitação da família".
Relativamente a esta situação, o Bloco de Esquerda já questionou o Ministério da Administração Interna, pedindo esclarecimentos sobre o episódio relatado pela família e advogada. "A Polícia de Segurança Pública nega categoricamente o arrombamento de quaisquer portas", reforçam.
A informação de três detidos e a existência de dois polícias feridos, por arremesso de pedras, já tinha sido avançada à TSF pelo porta-voz e comissário da PSP de Lisboa.
Ainda segundo os registos da PSP, duas viaturas policiais foram ainda danificadas, "uma com quebra de vidro e outra baleada", ao passo que oito veículos ligeiros de passageiros foram incendiados, bem como um motociclo.
A força policial dá ainda conta de "inúmeros caixotes de lixo incendiados, assim como outro mobiliário urbano".
A PSP sublinha, por isso, que "repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos", reiterando que a sua missão é "garantir a segurança e ordem pública e o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos".
"[A Polícia de Segurança Pública] está empenhada em repor a ordem, paz e tranquilidade pública, tanto no Bairro do Zambujal, na Amadora, como nos restantes Bairros e zonas da Área Metropolitana de Lisboa onde foram registadas as ocorrências de desacatos e incêndios", assegura.
Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira e espalharam-se na noite de terça-feira a várias zonas de Lisboa, nomeadamente Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora).
Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.