TUViana pagos a partir de fevereiro: "Se tivéssemos os apoios das áreas metropolitanas, poderíamos ter transportes gratuitos"
Autora: Ana Peixoto Fernandes
O novo sistema de Transportes Urbanos de Viana do Castelo, (TUViana), que entrou em funcionamento no dia 23 de setembro de 2025, deverá prolongar a gratuitidade, pelo menos, durante janeiro de 2026. Os autocarros que operam nos 293 quilómetros da rede urbana são gratuitos, mas apenas até que a câmara municipal conclua o processo de implementação do sistema de bilhética.
A autarquia internalizou o serviço, após fim da concessão ao grupo AVIC, e por agora está a operar 14 das 16 linhas previstas, com 17 autocarros elétricos e 30 motoristas. O custo da operação justifica o fim da gratuitidade, o mais tardar no início de fevereiro, segundo a vereadora da Mobilidade, Fabíola Oliveira.
"Temos custos e temos de ter receita para contrabalançar. Pretendemos que as pessoas depois tirem os passes, porque achamos que é vantajoso. Podem utilizá-lo em todos os autocarros, independentemente da linha. A nossa proposta é um custo de 20 euros, por isso, não acho que seja excessivo", defende aquela responsável, referindo que a opção pelo transporte público pago se impõe em Viana do Castelo.
"Claro que se tivéssemos os apoios que alguns municípios têm, em termos de verbas, como as áreas metropolitanas, se calhar poderíamos fazer as coisas de uma forma gratuita, mas não temos", sublinha Fabíola Oliveira, prevendo que o fim da gratuitidade deverá acontecer "no fim de janeiro ou início de fevereiro".
A proposta de regulamento do serviço público de transporte coletivo de passageiros do município, TUViana, está em consulta pública até 14 de janeiro. O novo tarifário previsto contempla um passe geral mensal de 20 euros (mais cinco euros de emissão) e de 10 euros para pessoas com deficiência e seniores. Os bilhetes ocasionais pré-comprados terão um custo de um euro e de 1,5 euros se adquiridos a bordo, que podem ser utilizados durante uma hora, após validação nas várias linhas. A compra de dez viagens ocasionais simples dará direito a um bilhete grátis. O tarifário proposto prevê ainda bilhetes diários para toda a rede com um custo de cinco euros e de 12 euros para três dias.
A utilização da rede municipal será gratuita para jovens e antigos combatentes.
Colocar a operação TUViana em marcha, há cerca de três meses, custou perto de 8 milhões de euros, 5,6 milhões do Fundo Ambiental e mais de 2 milhões da câmara municipal de Viana do Castelo.
O fim da gratuitidade é encarado de formas diferentes pelos utentes. "Tudo o que é gratuito é bom. Acho que deviam continuar. Em várias cidades é grátis e aqui em Viana também devia ser", defende Céu Martins, de Darque.
Liliana Novo, da mesma freguesia, defende o contrário.
"Os primeiros autocarros da manhã andam sempre muito cheios. Devia haver mais. As pessoas apoderaram-se deles, por serem de graça. Acho que não deviam ser gratuitos, porque muita gente apodera-se disso", argumenta a utente, considerando até que "20 euros pelo passe geral é pouco".
"Há o desgaste do autocarro, o trabalho dos motoristas, tudo tem de ser contabilizado. Por isso devia ser pago. Sei que há cidades onde não se paga nos transportes, mas não sei como é que as câmaras conseguem", justifica.
Fernanda Amorim, de Areosa, é a favor da gratuitidade.
"Dá jeito, mas compreendo perfeitamente que venha a ser pago. Sei que há cidades onde não se paga, mas aqui não vai acontecer". E o marido, Ramiro Amorim, é da opinião que "a câmara devia pagar" o transporte público. "A gente já desconta e paga muita coisa. Acho que os autocarros deviam continuar a ser gratuitos, como há noutros países, em que não se paga nada. Na Suíça é tudo de graça e aqui também devia ser, porque quem ganha o ordenado mínimo não consegue fazer face à vida. E 20 ou 30 euros por mês faz diferença", afirma.
