Construção e transportes descaracterizados como a Uber, Bolt ou Kapten destronam imobiliário e restauração. Em 2019 foram criadas 48.854 empresas, valor mais alto de sempre. 15.898 marcas terminaram.
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Em 2019 nasceram 48.854 novas empresas. O valor, avançado pela Informa D&B, representa um crescimento de 6,4% face a 2018 (mais 3 mil marcas), culmina um período de três anos consecutivos e é um recorde desde o início dos registos em 2009, ano em que o indicador fixou-se em pouco mais de 31 mil organizações.
No outro prato da balança, a companhia de informação comercial, financeira e de risco sobre empresas assinala um decréscimo de 17,3% nos encerramentos, que atingiram 15.898 firmas. Também aqui há um recorde, mas pela negativa: é o valor mais baixo da última década. A diminuição é transversal a todos os sectores e distritos.
Nos últimos 12 meses, abriram 3,1 empresas por cada uma que fechou, rácio que também constitui um recorde.
O barómetro mostra também uma "tendência de pulverização do tecido empresarial, com o nascimento de empresas de muito reduzida dimensão", dado que "mais de metade das empresas criadas (54%) são sociedades unipessoais, enquanto que há 10 anos, a criação destas empresas representava pouco mais de um terço (39%)".
Construção e transporte de passageiros lideram
Os transportes e a construção são os sectores que registam, em valor absoluto, os maiores crescimentos, destronando as atividades imobiliárias e alojamento e restauração. No conjunto representam quase 90% do crescimento do número de novas empresas em 2019.
O sector dos transportes viu nascer 4.339 novas empresas em 2019 (mais 2.180 que em 2018, num crescimento de 101%). Este crescimento deve-se quase na totalidade ao mercado da Uber, Bolt, Kapten e restantes concorrentes. Dois terços das empresas neste subsector têm apenas um empregado e mais de 80% faturam até 50 mil euros. Em média, a faturação destas organizações ronda 21 mil euros.
A construção dá sinais de recuperação depois da queda acentuada durante a crise: neste sector foram criadas 5.311 novas empresas, num aumento de 24,3% face a 2018.
O sector das Tecnologias da Informação e Comunicação atingiu o valor mais elevado dos últimos 10 anos, com 2.409 empresas criadas (mais 3%). As mais de 12 mil empresas ativas neste sector representaram 4,3% do volume de negócios do tecido empresarial em 2018.
Alojamento Local recua
Depois de vários anos de crescimento, os sectores ligados ao turismo foram os que registaram maiores recuos na constituição de empresas. A queda é mais acentuada nas atividades imobiliárias, alojamento de curta duração e serviços turísticos, que tiveram crescimentos significativos até 2018.
A constituição de empresas de alojamento de curta duração recuou 15,8%, com grande peso do distrito de Lisboa. É um reflexo da tendência de vários municípios (incluindo o da capital) terem iniciado restrições ao sector.
Exportadores abrandam dinâmica
Os sectores tradicionalmente mais relevantes nas exportações nacionais têm reduzido a dinâmica: nas indústrias nasceram 2.460 empresas em 2019 (decréscimo de 2,0%), enquanto no sector grossista, nasceram 2.625 empresas, uma descida de 2,6% face ao ano anterior.