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Para Carlos Silva, secretário-geral da UGT, a direção do Sindicato do Pessoal de Voo é «vaidosa, mentirosa e birrenta». A presidente desta estrutura sindical já respondeu. A saída da UGT aconteceu por outros motivos, defende Luciana Uva.
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O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC ) abandonou a UGT e a central sindical, embora lamentando a decisão tomada em referendo por 84 por cento dos trabalhadores filiados no sindicato, diz que não são verdadeiros os motivos invocados.
O "divórcio" teve início quando o SNPVAC decidiu manter a greve na TAP em dezembro, quando outros sindicatos afetos à UGT não só desconvocaram a paralisação como assinaram um acordo com o governo, no âmbito da privatização da companhia aérea portuguesa.
A UGT acusa o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil de querer impor a «lei da rolha - ou estão comigo, ou contra mim» aos que assinaram o acordo que travou a greve.
No comunicado enviado à TSF, a União Geral de Trabalhadores escreve que os dirigentes do SNPVAC exigiram à central que tomasse uma posição contrária à da plataforma e com isso apenas quiseram «atirar uns sindicatos contra os outros».
A UGT diz que o Sindicato dos Tripulantes de Cabine recusou dialogar perante a rigidez do governo e preferiu impor um ultimato. Devia, por isso, retirar daí as devidas consequências.
Com a susceptibilidade ferida, a direção do sindicato «apontou baterias para a UGT, o bode expiatório». «Isso é feio», escreve o Secretariado Executivo da UGT, porque não cabe à central «assumir a liderança dos sindicatos individualmente».
A União Geral de Trabalhadores considera que, com esta decisão, os associados do Sindicato do Pessoal de Voo ficam isolados do movimento sindical democrático. A liderança da UGT assegura que nunca sentiu qualquer mal-estar e que esse sentimento nunca lhe foi transmitido pela presidência do sindicato.
A central sindical reafirma ainda que é contra a privatização da TAP e que o mesmo acontece com todos os sindicatos, incluindo os nove que chegaram a acordo com o governo. Isso, diz a UGT, não representa qualquer falta de solidariedade, nem da parte da direção, nem do secretário-geral.
O secretário-geral da UGT diz que a saída do Sindicato do Pessoal de Voo é uma birra de uma direção vaidosa.
Escutado pela TSF, esta manhã, Carlos Silva acusou a o sindicato dos tripulantes de não ser solidário com os outros. O dirigente sindical reconhece que o abandono de um sindicato fundador da UGT tem impacto na central, mas a vida continua. Carlos Silva diz que tentou travar este desfecho, mas não foi possível evitar uma estratégia deliberada, que já vem de há algum tempo.
Luciana Uva, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, recusa todas as críticas e sublinha que a rutura com a UGT aconteceu porque o sindicato nunca de sentiu representado pela central sindical. À TSF, a dirigente diz que «a UGT não pode querer obrigar um sindicato a permanecer, apenas porque sim...».
A presidente do SNPVAC esclarece, ainda, que a «teoria da conspiração não corresponde à realidade. A decisão está tomada».
Sobre a acusação de ser «vaidosa», feita por Carlos Silva, líder da UGT, Luciana Uva diz que prefere não comentar. Para o sindicato, o "divórcio" é uma assunto encerrado, porque, diz Luciana Uva «o direito à opinião existe e tem de ser por todos compreendido e aceite».