ULS Braga aplica tecnologia pioneira para reconstrução do esófago de recém-nascidos
Tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Escola de Medicina da Universidade do Minho para tratar uma malformação: a atresia do esófago.
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A Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga é pioneira em Portugal no tratamento da atresia do esófago em recém-nascidos. Trata-se de uma malformação congénita rara em que um bebé nasce com um esófago curto ou mesmo sem esse órgão vital. Um problema que ocorre em um em cada quatro mil nascimentos, sendo que no Minho se traduz em três a quatro casos por ano de recém-nascidos que vêm desde os primeiros dias de vida a sua alimentação comprometida.
De acordo com o diretor do Serviço de Cirurgia Pediátrica da ULS de Braga, Jorge Correia-Pinto, esta malformação constitui um desafio em qualquer hospital do mundo.
Em parceria com a Escola de Medicina da Universidade do Minho que anualmente organiza um curso de pós-graduação internacional em cirurgia fetal e neonatal, foi possível desenvolver um novo modelo que permite “reconstituir o esófago”.
Este mês, o Hospital de Braga recebeu um caso de uma criança transferida de Lisboa com ausência do esófago, ou seja, atresia tipo A.
Através de uma técnica minimamente invasiva que consiste em apenas “três furinhos de cinco milímetros no tórax por toracoscopia”, os cirurgiões conseguiram “esticar o pouco esófago existente para promover o seu crescimento”. Numa última intervenção, foi feita “a ligação das duas extremidades”, explica.
Catarina Barroso, médica cirurgiã formada na Escola de Medicina da Universidade do Minho e integrante da ULS de Braga, sublinha que os ganhos não ficam por uma cicatriz diminuta. Esta nova técnica permite aos recém-nascidos “um período pós-operatório mais linear, assim como uma recuperação mais rápida e menos dolorosa”.
O Hospital de Braga torna-se assim num dos poucos centros da Europa e do mundo a conseguir evitar grandes cirurgias e sequelas.
O próximo passo, segundo os médicos e investigadores, passa pela formação de outros profissionais de saúde para que esta nova tecnologia ajude mais crianças. Outro dos focos será ao nível do diagnóstico pré-natal como forma de conseguir caracterizar fatores de risco.
