ULS de Coimbra implementa projeto de acompanhamento a doentes paliativos no domicílio
Trata-se de uma articulação entre a equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos e unidades de cuidados na comunidade (UCC) com o objetivo de manter os doentes no domicílio. A iniciativa abrange, para já, sete unidades
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João é um dos quatro doentes que está a ser acompanhado no âmbito do projeto implementado na Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra. A filha, Cristina Carvalho, reconhece que “mudou a qualidade de vida”, apontando as “múltiplas consultas” que o pai tinha antes.
“Era muito difícil ele estar a descer para os exames e para as consultas. E tinha muita medicação. A partir do momento em que entrou para esta equipa, o Dr. Fernandes reduziu significativamente a medicação e ele tem tido muito mais qualidade de vida”, descreve.
O projeto da ULS de Coimbra passa por um trabalho de articulação entre a equipa intra-hospitalar e suporte em cuidados paliativos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e unidades de cuidados na comunidade.
“Aquilo que quisemos fazer com este projeto foi potenciar esta capacidade instalada, a capacidade destas equipas, dar-lhes formação na área dos cuidados paliativos para que possam acompanhar estes doentes no seu domicílio, sempre com o nosso apoio em termos de consultadoria. E, assim, o doente pode permanecer na sua casa, mesmo não tendo uma equipa específica de cuidados paliativos a ir a sua casa”, explica Sara Cunha, em funções de gestão da equipa intra-hospitalar.
Além da definição de um plano de cuidados conjunto para o doente e família, são feitas ainda videoconsultas, através de meio digitais, consoante as necessidades, o que não invalida que o utente seja visto presencialmente.
“Nós queremos precisamente que a equipa que está a cuidar do doente nos cuidados de saúde primários saiba exatamente qual é o plano para este doente, em situação de agravamento, de descompensação, saiba o que tem de fazer e, em qualquer dificuldade, pode-nos contactar”, aponta.
Para Sara Cunha, entre as vantagens deste projeto para o doente e famílias “é sentir” que as equipas “comunicam entre si, que há um plano estabelecido e que têm a quem recorrer”. “Nós queremos evitar que o doente se sinta desamparado, que tenha um agravamento, e que a única solução que ele tenha é recorrer ao serviço de urgência”, assinala.
Esta é uma iniciativa da equipa intra-hospitalar que abrange sete unidades de cuidados na comunidade, incluindo a de Miranda do Corvo, com quem começaram a trabalhar desta forma.
“Optámos por não colocar nenhuma UCC onde já tínhamos a equipa comunitária de cuidados paliativos. Optámos por começar em áreas que tinham menos respostas, menos recursos, menos apoio”, afirma Sara Cunha.
O objetivo é, acrescenta, “alargar a todas as UCC” da ULS de Coimbra, 22 no total.
