O ano mais fácil para identificar o acontecimento mais marcante. A pandemia tudo condicionou e tudo levou. Ou quase. A Humanidade respondeu com ciência e já há vacinas contra a Covid-19. Haja esperança.
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2020 foi o ano em que perdemos muitos milhares de pessoas para a Covid-19 no país; na verdade quase dois milhões no mundo. Eduardo Lourenço vai ficar no Labirinto da nossa saudade coletiva. Já sentimos falta da escrita corrosiva de Vasco Pulido Valente: e já não temos, não tenho, não tem a TSF nem o país ou a Europa... o mundo de José Cutileiro. Já não vamos ter o velho que lia romances de amor, Luís Sepúlveda, o escrito chileno, foi dos primeiros nomes famosos a ser levado pela Covid.
Este foi o ano em que o primeiro James Bond, Sean Connery, não pediu licença para morrer e outros filmes vão perder música e alma, sem a magia de Enio Morricone. A 25 de novembro, ficámos sem um génio, Diego Armando Maradona. No mesmo dia, levado pela covid, partia Reinaldo Teles, dirigente do FC Porto. Vitor Oliveira, o treinador das subidas, também nos deixou em 2020... Em 2020 ficámos sem Cruzeiro Seixas, o homem que dizia a Maria Teresa Horta, que o contou na Visão, "é preciso arriscar tudo, na vida e na escrita. Lutar sempre, mesmo debaixo de perigo".
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O ano em que perdemos que nos ajudava há muito a pensar melhor a vida nas cidades, Gonçalo Ribeiro Telles. Morreu com 98 anos. O ano em que o mundo perdeu gigantes das letras como John Le Carré e George Steiner, bem como um gigante literal, o basquetebolista Kobe Bryant. O futebolista Paolo Rossi, o motociclista Paulo Gonçalves, o escritor John Le Carré e a cientista Maria de Sousa também partiram.
Isabel Camarinha, tornava-se a primeira mulher a liderar a CGTP e apelava a união de todos os trabalhadores, os que estavam nos locais de trabalho e os que estavam - e estão - em casa. Passámos a dar outra importância ao teletrabalho, mas também às entregas ao domicílio e às empresas online; e às lojas de bairro, o comércio local, com a corda na garganta como nunca esteve, porque a crise também não foi igual para todos.
A Comissão de Ursula Von Der Leyen apresentou o plano de recuperação e resiliência que o Conselho levaria algumas semanas a aprovar. O plano europeu prevê uma transição verde e uma transição digital... preconizando uma espécie de mudar de vida coletivo.
Joe Biden presidente eleito nos Estados Unidos em eleições que polarizaram o eleitorado americano como não há memória... o fim da era Trump ao fim de quatro anos, mas o atual inquilino da Casa Branca resiste...a encarar a realidade.
Com uma mulher pela primeira vez eleita para a presidência, Kamala Harris, Joe Biden foi figura do ano, para uma das figuras nacionais do ano. As eleições americanas foram muito condicionadas pela pandemia, pelas vítimas, pelo trambolhão que provocou na economia, pelo modo como condicionou a campanha... outro tema sempre presente foi a questão racial: o Movimento Black Lives Matter, foi, para muitos, a figura do ano. A luta contra o racismo no ano da morte de uma juíza que contra o racismo tanto lutou no supremo tribunal dos EUA, Ruth Ginsburg.
Este foi o ano da Turquia contra o mundo com Erdogan mais e mais assertivo regionalmente, o ano da morte de Hosni Mubarak no Egito, o ano em que o Irão perdeu um general - Suleimani - e o mais reputado dos cientistas nucleares em assassínios seletivos, mas em que o regime de Teerão continuou a condenar à morte e a executar, jornalistas. Morreu Valerie Giscard D"Estaing no ano em que Taylor Swift brilhou na música com Folklore. No cinema o ano foi de amantes do rock, de Lovers Rock, de Steve McQueen, mas foi sobretudo o ano dos Parasitas de Bong Joon-Ho, Óscar para o melhor filme. Em 2020, o cinema perdeu Michel Piccoli, Kirk Douglas, Olivia de Havilland e Max Von Sydow, Também protagonista do ano, pelo que conquistou com o filme de estreia na longa-metragem, "Listen", foi a realizadora Ana Rocha de Sousa, que conquistou vários prémios no Festival de Veneza.
Naomi Osaka venceu o open dos EUA e tornou-se a atleta feminina mais bem paga do mundo e na Fórmula Um Lewis Hamilton pulverizou recordes. 2020 foi um ano terrível, pessoal e profissionalmente para Isabel dos Santos... António Mexia saiu da EDP e David Neelman com 56 milhões saiu da TAP. Um ano marcado pelo trágica explosão no porto de Beirute, no Líbano, a 6 de agosto, que matou 137 pessoas:
Logo no início do ano Ricardo Araújo Pereira não soube ou não quis mais estar na TVI e foi para a SIC, levando o Governo Sombra que também é da TSF e passando a dizer: "isto é gozar com quem trabalha". Cristina Ferreira não trabalhou muito tempo na SIC e voltou para a TVI, agora com novos acionistas.
Em janeiro o partido retirou-lhe confiança, depois Joacine Katar Moreira libertou-se do Livre. José Manuel Bolieiro foi um dos protagonistas do ano ao liderar a chamada geringonça de direita que permitiu tirar o poder ao PS nos Açores.
O FC Porto foi campeão e derrotou o grande rival na final da Taça e agora há dias na supertaça, Ruben Amorim transferiu-se do Braga para o Sporting em março... o Benfica haveria de trocar Bruno Lage por Jorge Jesus... depois do retumbante sucesso que conseguiu no Brasil. Diogo Jota brilhou no Liverpool, Ronaldo continuou a marcar golos pela Juventus e pela seleção e o Ronaldo das Finanças, Mário Centeno, foi governar o Banco de Portugal depois de ter governado as finanças do país. João Leão foi a aposta na continuidade, promovido a ministro. Rui Pinto passou de perigoso pirata para testemunha essencial para a Polícia Judiciária em vários processos, Elvira Fortunato ganhou o prémio impacto Horizonte 2020 da Comissão Europeia, com o projeto Invisible.
Com a ajuda do extraordinário trabalho da ciência e do que nela foi investido, chegaram as vacinas, a esperança voltou no final do ano. Não foram poucos aqueles que designaram os médicos e os cientistas como figuras do ano 2020, além do próprio serviço nacional de saúde. O Reino Unido foi o primeiro... alguns dias depois, Portugal, Porto, Hospital de São João, seguido do resto do país em poucos dias. Mas há ainda um longo caminho a percorrer. Já sem Kenzo nem Pierre Cardin, que também nos deixaram em 2020; ainda assim, e com máscaras e tudo, vestidos a preceito, dizemos: 2021, aqui estamos!