Uma antiga casa agrícola foi transformada, há um quarto de século, num restaurante que soma prémios nos concursos gastronómicos de Gondomar. Da lampreia e do sável ao tradicional caldo de nabos. É um Cantinho onde sabem bem confortar o estômago.
Corpo do artigo
Terra de marceneiros e de ourives, artífices com engenho e arte do coração de ouro do país da filigrana, Gondomar, às portas do Porto, é um território de contrastes.
Da margem do Douro ao topo do monte Crasto, da Casa Branca de Gramido, onde foi assinada a convenção que colocou ponto final n Patuleia, a revolta popular de 1847, ao vizinho Lugar do Desenho, que perpetua, em Valbom, o legado de mestre Júlio Resende, Gondomar tem atrativos que justificam um olhar mais atento.
Nas rotas gastronómicas, a convivência com o Douro resulta, na época, em lampreia e sável, uma atração de ouro para os apreciadores.
Quando o outono chega, é tempo do popular caldo de nabos, pitéu local que alimenta, desde 1991, um festival gastronómico e inspira uma confraria a divulgar esta sopa tradicional.
Na freguesia de S. Cosme, através de um emaranhado de ruas e ruelas, mas a curta distância do centro de Gondomar, O Cantinho das Manas, na rua da Vessada, afirma-se, há um quarto de séculos, como um reduto da cozinha tradicional.
TSF\audio\2018\10\noticias\01\01_outubro_2018_tsf_a_mesa_antonio_catarino
O aproveitamento de uma antiga casa agrícola, à qual foram acrescentadas divisões, resultou num restaurante cm várias salas, uma das quais com vista privilegiada para a desafogada cozinha situada em plano inferior.
A sala principal, a mais espaçosa e com ampla superfície envidraçada, possui boa luz natural.
Comum a todas as divisões, é a decoração, algo naife, numa apreciação benevolente. Em lugar destacado, lá estão os troféus conquistados nos concursos gastronómicos locais, A maioria recordando vitórias, da lampreia à bordalesa ao sável de escabeche e ao caldo de nabos: batata, feijão vermelho, nabos e ossos de suã são os ingredientes da receita tradicional, ali confecionada com um segredo que tem valido a conquista de galardões.
Neste restaurante, com mesas e cadeiras confortáveis, acomoda-se clientela habitual da casa, atraída pela cozinha sólida, assente em matriz regional.
Por sugestão da cozinheira, havia arroz de perninhas de lulas; bacalhau à Brás e os muito apreciados arroz de cabidela e rojões, que se apresentaram a contento: carne tenra e saborosa, tripa enfarinhada, torresmos do redenho, acabadinhos de fritar, tendo como acompanhantes arroz branco e batata.
Na ementa figuravam outros pratos, caso dos clássicos arroz de bacalhau, de marisco ou de tamboril.
O bacalhau à moda da casa, grelhado ou com broa tem adeptos fervorosos, a exemplo dos filetes de pescada
No capítulo de propostas de carne, exceção feita aos bifes -- com alheira ou à moda da casa - tudo passa pela grelha: costeleta de vitela ou de porco; costeletão; entrecosto grelhado e posta à Manas.
O cabrito assado é outro dos pratos icónicos.
Na doçaria, o tradicional leite creme queimado é boa sugestão.
Garrafeira algo limitada, mas com preços sensatos. Referência para a proposta da casa -- Alma do Bugio reserva 2013 -- um encorpado tinto do Douro.
Serviço simpático neste restaurante que há muito se destaca no panorama gastronómico de Gondomar.
Localização: S. Cosme (Gondomar)
Telef.: 224 646 242