José Tolentino de Mendonça já é cardeal, mas o caminho até ao Vaticano foi longo.
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É filho de pescador madeirense o homem que este sábado chega ao topo da hierarquia católica, faltando-lhe apenas o papel de bispo de Roma.
Nunca perdeu o espírito calmo que o caracteriza, nos seus 53 anos de idade.
Não esquece uma infância complexa entre o Machico, na Madeira, e Angola, de onde regressou em 1975.
Tolentino Mendonça fez-se padre na capital, de braço dado com a cultura, e essa terá sido a sua melhor escolha.
Deixou já seguidores entre a poesia, que dedilha com profundidade, e a teologia bíblica, sustentáculo de uma espiritualidade tranquila.
Retirado da capela do Rato, não lhe desmereceu o seu labor calado, sem estridências nem tiros nos pés.
Vestiu-se de um diálogo de que o papa Francisco gostou. Por isso, o convidou para o seu retiro, e, de seguida, confiou-lhe a biblioteca e os arquivos mais secretos do mundo.
O último e único papa português chamou-se João XXI, e foi o 3.º cardeal ido deste país para Roma, com o nome de Pedro Hispano, um homem também de ciência e cultura.