A Fundação Gulbenkian vai lançar esta terça-feira três desafios para a saúde e Portugal: reduzir para metade as infeções hospitalares, parar o crescimento da diabetes e desenvolver a saúde pediátrica.
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Os desafios da Fundação Gulbenkian coincidem com a apresentação e publicação do relatório "Um Futuro para a Saúde" que pretende refletir acerca do SNS (Serviço Nacional de Saúde) para daqui a vinte anos mas, para começar, um dos autores do estudo defende um maior envolvimento do Presidente da República nestas questões, por exemplo, na liderança de uma campanha para baixar a taxa de incidência das infeções hospitalares.
Donald Berwick foi o mentor da reforma de saúde da administração Obama. Ele defende que só com a liderança de um porta-estandarte como o Presidente da República é possível alcançar os objetivos propostos pela Fundação Gulbenkian.
Donald Berwick desenhou nos Estados Unidos o "Obama care" e para Portugal defende que só com uma liderança ao mais alto nível é possível reduzir para metade a taxa de infeções hospitalares.
Deste modo, os protagonistas políticos e sociais têm que dar a cara ao «nível mais alto de liderança, ao nível presidencial, ao nível ministerial e no setor privado os empresários devem perceber que a vitalidade económica de Portugal depende duma população saudável. Por isso direi que a liderança é fundamental e a um nível mais alto será melhor », defendeu Donald Berwick.
Donald Berwick participou no relatório promovido pela Fundação Gulbenkian, "Um Futuro para a Saúde" . Um estudo coordenado pelo britânico Nigel Crisp e onde se defende a criação de uma "concordata" entre o sector público e privado para definir o modelo de todas as PPP"s (Parcerias Público/Privadas).
Nigel Crisp, antigo responsável pelo Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido, desenvolveu esta ideia com base no conceito de tornar mais transparentes os hospitais. «Os hospitais devem ser muito mais abertos», disse Nigel Crisp aos jornalistas.
Este especialista vai mais longe: «os cidadãos devem estar no comando e devem ser informados sobre a prestação dos hospitais», ou seja, os grupos organizados de cidadãos (associações de utentes e associações de doentes) devem estar dentro das instituições para que as falhas e os erros médicos não sejam escondidos.
Por outro lado, Nigel Crisp ficou surpreendido com a realidade portuguesa, onde - ao contrário do resto da Europa - é maior o número de pessoas idosas doentes. «Idosos com doenças crónicas como a diabetes e outras». Ao contrário da Europa, onde a maioria das mulheres com mais de 65 anos conseguem ter uma vida saudável até aos 80 anos, em Portugal a saúde degrada-se para as mulheres a partir dos 70 anos.
Gráfico sobre a esperança de vida saudável para as mulheres acima dos 65 anos (dados eurostat de 2011)