No Centro de Simulação Clínica da Universidade do Algarve, apoiado por Fundos Comunitários, foram investidos cerca de dois milhões de euros.
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No monitor aparecem os sinais vitais da doente que se encontra deitada no Serviço de Cuidados Intensivos. É uma boneca em tamanho real, um robô. Ou melhor, um simulador médico de alta-fidelidade. Alexandre Baptista, médico intensivista, aproxima-se e a boneca abre os olhos. "Está a respirar, eu consigo palpar o pulso da doente", afirma o diretor do Centro de Simulação Clínica para exemplificar que o protótipo se aproxima muito da realidade. "O próprio software dos simuladores permite choro, gemidos", explica, para que quem os está a utilizar entre na "vida" deste paciente fictício.
Naquele centro, recentemente inaugurado, tentam reproduzir-se casos clínicos através de simuladores. Alguns mais complicados, que podem surgir num hospital muito raramente. "Aqui os [médicos] conseguem ver num fim de semana o que na vida real, se calhar, levam anos para ver", afirma.
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Embora o curso de medicina da universidade do Algarve se concentre muito no estudo de casos concretos, este centro de simulação é dirigido sobretudo a quem já está na pós-graduação e a fazer a sua formação médica numa especialidade. "Para que aqui possam simular as situações em que têm menos contacto, ou mais dúvida", adianta Alexandre Baptista.
Numa sala ao lado, a sala de obstetrícia encontra-se outro robô, uma "mulher" que acabou de dar à luz. Tem ainda o bebé deitado sobre a sua barriga. Quem faz o parto coloca uns óculos de realidade virtual. Assim, "quem está a simular o parto consegue ver toda a evolução no interior do útero e a progressão da criança", adotando os movimentos corretos para retirar o recém-nascido.
O médico Alexandre Baptista admite que, por vezes, a realidade ultrapassa a ficção, mas este centro consegue ser uma boa escola para aprendizagem. "O grande benefício da simulação é dar a certeza e a confiança" no ato médico. "Nesta região periférica, que fica longe dos grandes centros, qualquer médico ou enfermeiro pode aqui vir e simular para que, na pior das hipóteses errem aqui e não nos seus serviços", conclui.