"Um descalabro." Hospital do Barreiro não vai receber grávidas durante dez dias
As urgências de obstetrícia e o bloco de partos estarão encerradas por falta de profissionais de saúde
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O Hospital do Barreiro, em Setúbal, deixa, a partir da manhã desta quarta-feira, de receber grávidas durante dez dias. A informação é avançada pela RTP, que refere que as urgências de obstetrícia e o bloco de partos estarão encerradas por falta de profissionais de saúde.
A comissão de utentes do Barreiro não tinha conhecimento deste encerramento. Em declarações à TSF, Antonieta Fortunato afirma que se trata de um "descalabro".
"Além de que já está praticamente quase sempre encerrada, quando não abre os utentes vão ter de ir para outros hospitais e algumas vezes para fora da área do distrito de Setúbal. Estar encerrado dez dias seguidos implica que as grávidas que são acompanhadas não vão estar nesse hospital, vão ter de ir para outro hospital e todas as que têm alta também não vão ter acompanhamento durante dez dias", explica à TSF Antonieta Fortunato.
A comissão de utentes do Barreiro considera que a situação é "um descalabro". "Dez dias seguidos com a obstetrícia fechada é quase como dizer: ‘Vamos encerrar a obstetrícia definitivamente e deixamos de ter maternidade no hospital de Barreiro'", sublinha.
Também Maria João Tiago, do Sindicato Independente dos Médicos, lamenta a situação, mas reconhece que já se vai tornando o novo normal. "Já vai sendo normal nos últimos tempos, existe um mapa em que fica definido que no período de X a X tempo, por exemplo, o Barreiro está fechado, de X a outro X tempo está Almada fechada. Eles vão rondando para garantir o atendimento. É uma situação que não é o desejável, obviamente, mas face à carência de profissionais por equipa, optou-se por esta solução", argumenta.
Já o presidente da câmara municipal do Barreiro, Frederico Rosa, afirma que é preciso uma reforma de fundo no Serviço Nacional de Saúde que permita reter profissionais.
"Nós vivemos este drama sempre nesta altura em que entram as férias. É fundamental que o sistema seja previsível, dar previsibilidade ao sistema, que as pessoas saibam para onde se podem e devem dirigir é fundamental. Estou perfeitamente aberto a haver soluções intermédias que garantam essa previsibilidade do sistema, que são importantes, enquanto se tomam as decisões de fundo que necessariamente não acontecem no dia para a noite", afirma, também em declarações à TSF.
Frederico Rosa garante que já pediu mais esclarecimentos ao Ministério da Saúde, mas ainda aguarda uma resposta de Ana Paula Martins.
"Na sexta-feira enviámos uma carta a pedir uma reunião na sequência de outro caso. [Queremos] levar ao Ministério e à senhora ministra este sentido das pessoas, levar as preocupações, mas também a disponibilidade de fazermos parte de uma solução estrutural, percebendo que há passos intermédios e soluções intermédias que necessariamente têm que ser dados", sublinha.
Os casos de ambulâncias com grávidas da região vão ser reencaminhados para unidades hospitalares através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). De acordo com a RTP, os bombeiros locais já foram informados sobre o encerramento do serviço.
O normal funcionamento será retomado a 19 de julho.
Notícia atualizada às 12h15
