"Um disparate." Matos Fernandes diz que PSD quer "plantar eucaliptos de Melgaço a Vila Real de Santo António"
Candidato socialista, que é ainda ministro do Ambiente, defende que a árvore não pode ser olhada "exclusivamente pelo seu valor económico" e acusa o PSD de quer voltar atrás "para fazer mal".
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A proposta do PSD para a Agricultura e Florestas está longe de agradar ao candidato do PS às legislativas, João Pedro Matos Fernandes, também atual ministro do Ambiente e Ação Climática. Os sociais-democratas querem a floresta e o bem-estar dos animais de companhia sob alçada do ministério da Agricultura, contrariando uma decisão do atual Executivo, que os colocou na pasta do Ambiente.
Mas nas propostas do PSD há detalhes sobre a gestão do eucaliptal: o PSD quer terminar com o congelamento da plantação de espécies de rápido crescimento, como o eucalipto, perante a atual lei, que os limita a um máximo de 812 mil hectares até 2030. Para Matos Fernandes, "é de facto um disparate e, mais disparate ainda, é a ideia de poder aumentar a área do eucalipto em Portugal".
Ideia da reforma afinal é plantar eucaliptos de Melgaço a Vila Real de Santo António.
O socialista garante que juntar a gestão das florestas à Agricultura "não faz sentido porque o essencial é olhar a árvore pela copa e não olhar a árvore pelo tronco, isto é, exclusivamente pelo seu valor económico" e classifica a intenção do PSD como uma "fraca proposta".
Ainda assim, vai mais longe nas críticas, argumentando que "a ideia da reforma afinal é plantar eucaliptos de Melgaço a Vila Real de Santo António".
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Na proposta em discussão, o PSD argumenta que Portugal tem "25% do território abandonado", e defende que estas "não servem para nada, são foco de incêndios e doenças", pelo que quer que seja possível preenchê-las com espécies de crescimento rápido ou outras.
Na mesma linha, o responsável dos sociais-democratas por esta área, Arlindo Cunha - que foi também ministro de Cavaco Silva e Durão Barroso -, contraria ainda o que diz ser um mito: "Não é nas áreas de eucalipto que há mais incêndios", mas sim "nas áreas abandonadas".
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Matos Fernandes também não concorda com a avaliação do que configura um território abandonado: "Seis milhões de hectares, ou 60%, da paisagem portuguesa são compostos por florestas, matos e pastagens biodiversas. Isso não quer dizer que é um território abandonado."
O candidato pelo PS explica que este tipo de território "presta um conjunto de serviços de ecossistema que são absolutamente essenciais"
Numa crítica geral e final, o ministro que tem a pasta do Ambiente desde 2015 defende que "a ideia de reforma que está na cabeça do PSD não é mais do que voltar atrás. E para voltar a fazer mal".