A conferência dedicada aos "diálogos e conflitos entre judeus e cristãos em terras de fronteira" arranca esta quinta-feira. Nela, vai ser lembrado um episódio pouco conhecido e ocorrido pouco depois da derrota de Alcácer Quibir.
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Portugal vivia a derrota de Alcácer Quibir e o Cardeal D. Henrique, inquisidor-mor do reino, ascendia ao trono. "Os judeus fugiam para os confins da nação e chegavam à raia, a fronteira entre Portugal e Espanha, onde levavam uma vida dupla, com uma religião secreta e outra às descaradas".
Constroem igrejas, mantém ofícios, desenvolvem o comércio e "contribuem para o aumento da população do Fundão, então um termo da Covilhã, que assim se torna-se vila. À espreita continuava a inquisição que queria aproveitar um casamento para prender uns quantos cristãos novos", conta Antonieta Garcia, académica e especialista em judaísmo.
Em 1580 inquisidor e meirinho deslocam-se ao Fundão mas "os cristãos velhos, que ignoram a perseguição aos judeus, acreditam que a Justiça da Covilhã quer acabar com a vila".
Na vontade dos cristãos novos a luta contra a inquisição, na querença dos cristãos velhos a manutenção da autonomia do Fundão. "Uns e outros reúnem-se na igreja e dá-se o motim, um episódio singular de resistência à inquisição".
Por entre "o comer de gaveta e as judiarias" a herança judaica permanece arreigada na Beira Interior que, tal como no século XVI, a procura rentabilizar para quebrar a desertificação.
As relações entre judeus e cristãos dão o mote a uma conferência que decorre esta quinta-feira na Guarda e que procura "rentabilizar a herança judaica", adianta Álvaro Amaro, presidente da autarquia egitaniense que espera incrementar o turismo religioso.
A embaixador de Israel em Portugal será uma das presenças nesta conferencia que decorre esta quinta-feira na cidade mais alta.
Memórias que ainda hoje perduram na Beira Interior onde está a maior comunidade judaica de Portugal. As relações entre judeus e cristãos dão o mote a uma conferência que decorre esta quinta-feira na Guarda e que procura rentabilizar a herança judaica.