Há mais de meio século que se imprimem livros na língua de Camões. Na livraria Chaminé da Mota, no Porto, vasculhamos a edição mais antiga, a que o tempo roubou a capa, mas também a mais valiosa: uma revista, encadernada em pele e com pormenores gravados a ouro, vale seis mil euros.
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A 26 de março de 1487, há precisamente 532 anos, era impresso o primeiro livro em Portugal, o "Pentateuco". Dez anos depois, na cidade do Porto, chegava a impressão do primeiro livro escrito em português. Para assinalar a data, a Sociedade Portuguesa de Autores criou o Dia do Livro Português.
Na Livraria Chaminé da Mota, na Rua das Flores, no Porto, quatro pisos guardam um milhão de livros. O alfarrabista Pedro Chaminé, sobrinho do fundador, procura a edição mais antiga escrita em português. "O mais antigo que encontrei até agora é de 1856, uma 2ª edição da obra 'Lágrimas e Flores', de Joaquim Pinto Ribeiro Júnior. Está muito mal tratado, nem sequer capa tem, mas sendo um livro terá sempre o nosso carinho e respeito até ser vendido".
A livraria está dividida em quatro pisos: livros raros e curiosos; revistas e banda desenhada; literatura portuguesa e primeiras edições. As obras estão catalogadas por tema e autor. Setenta por cento dos livros à venda neste alfarrabista são de escritores portugueses: "Fernando Pessoa continua a ser o mais procurado".
Pedro Chaminé diz que a centenária revista Orpheu é a obra mais cara à venda na livraria. "Está avaliada em 6 mil euros, o primeiro e segundo volume. Neste caso, tem havido uma procura muito grande, sobretudo de brasileiros, mas esta primeira edição está encadernada em pele e com pormenores dourados gravados a ouro. Para nós terá o valor de 6 mil euros".