
Leiria, 18/06/2017 - Incêndio que trouxe o terror esta noite a Pedrogão Grande. O numero de vitimas mortais já vai em 58. Rasto de destruição na Estrada 236-1 entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, onde morreram o maior numero de vitimas (Rui Oliveira / Global Imagens)
© Rui Oliveira/Global Imagens
Projeto inédito está no terreno desde janeiro para fazer um rastreio psicológico a todas as crianças e adolescentes, para identificar perturbações traumáticas na sequencia dos incêndios de há um ano.
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Para recuperar o bem-estar e a tranquilidade de todos os alunos das zonas afetadas pelos incêndios de há um ano, está no terreno desde janeiro o projeto "Pinhal de Futuro". Este projeto identificou a necessidade de um rastreio a todas as crianças e jovens em idade escolar, nos seis concelhos devastados do pinhal interior, e o devido acompanhamento dos alunos com sintomas de perturbações.
O estudo é inédito em Portugal e foi lançado na sequência do trabalho que está a ser feito na região pela Fundação Calouste Gulbenkian, à qual se juntou a EPIS, Associação Empresários para a Inclusão Social e o Centro de Investigação em Neuropsicologia da Universidade de Coimbra.
Os resultados do rastreio são apresentados este sábado em Castanheira de Pera, na presença do Presidente da República.
Diogo Simões Pereira, diretor geral da Associação Empresários para a Inclusão Social (EPIS), revela na TSF as conclusões mais importantes do estudo.
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Os sintomas são um sinal de alerta que têm agora de ser confirmados numa fase posterior deste estudo pela equipa que está no terreno. Diogo Simões Pereira explica que, apesar de alguns destes jovens já estarem ser acompanhados por psicólogos, era preciso garantir que nenhum ficava de fora.
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No rastreio, as equipas procuram identificar certos sintomas inquietantes "relacionados com o trauma". "Estamos a falar de questões de ansiedade e hipersensibilidade em relação ao dia a dia, crianças sobressaltadas que, por exemplo, não dormem bem."
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Nesta segunda fase, caso se confirmem os sintomas de trauma na sequência dos incêndios, vai ser feito o devido acompanhamento através de um conjunto de sessões de tratamento.
Se os alertas estiverem relacionados com situações mais estruturais como queda de rendimento escolar, défice de atenção ou hiperatividade, são encaminhados numa primeira fase para os diretores de turma ou, não sendo tarefa da escola, são encaminhados ou para o Serviço Nacional de Saúde ou para as Comissões de Proteção de Menores.
Diogo Simões Pereira destaca que este projeto pioneiro deixa uma herança importante para o futuro em caso de catástrofe.
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Este projeto foi para o terreno em janeiro e fica até ao final de setembro para que nenhuma criança ou jovem em idade escolar dos concelhos afetados pelos grandes incêndios do ano passado fique sem ajuda para voltar a ter tranquilidade e bem-estar.