Um estudo publicado esta quarta-feira mostra que o nível de vida dos portugueses melhorou com a adesão à União Europeia, mas continua distante da média europeia.
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O nível de vida das famílias portuguesas melhorou nas últimas 3 décadas, um português gasta hoje o dobro do que gastava em 1986, mas continua muito distante da média europeia. Em 2013 o nível de vida dos portugueses era 25% inferior à média europeia, a mesma distância que se registava em 1990. O rendimento disponível duplicou entre 1986 e 2010, mas nos últimos anos o poder de compra recuou para o nível de 2000.
Desde a adesão até 2013 a produtividade por hora de trabalho em Portugal aumentou mais de 70% . A taxa de emprego baixou 13%.
O número de pessoas à procura de emprego há mais de um ano cresceu 6 vezes desde 2000 e já representa metade dos desempregados.
Os dados estão no estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos -"três décadas de Portugal europeu: balanço e perspetivas".
Se olharmos para os últimos 30 anos, os números sobre o crescimento da economia portuguesa são esclarecedores. O Produto Interno Bruto aumentou 76% . O setor do turismo é responsável por 16% do PIB e do 18% do emprego.
O coordenador do estudo, Augusto Mateus disse à TSF que "uma das fragilidades do nosso modelo" é demonstrada pelo facto de o nível de consumo ter sido sempre superior ao nível de produção". Augusto Mateus acrescenta que "nestes 30 anos houve uma primeira fase onde a convergência foi efetiva, depois houve uma travagem e na fase mais recente uma divergência".
Os impostos e as contribuições sociais absorvem mais de um terço da riqueza criada no país, em 2013 o estado arrecadou 60 mil milhões de euros. Apesar do aumento de impostos desde 2010, Portugal está no grupo de países europeus com a carga fiscal menos elevada.
Dois indicadores confirmam de forma clara que o país está mais velho: Portugal tem a mais baixa fecundidade na União Europeia e o número de inscritos no ensino básico caiu para metade nos últimos 28 anos.
A adesão dos portugueses às novas tecnologias é evidente nos resultados deste estudo. Em 2013, por cada 100 pessoas havia 113 assinaturas de telemóvel e 62 utilizadores de internet. Em 1986 havia 15 linhas telefónicas por 100 habitantes.
Augusto Mateus diz que as consequências da crise e do programa de ajustamento "são claras. O país regrediu na produção, no consumo e regrediu muito ao nível do investimento". O coordenador deste estudo espera que os fundos estruturais agora disponíveis sejam "concentrados na nova agricultura, na nova indústria, nos serviços intensivos em informação, no novo esforço de participação de Portugal na internacionalização. A economia portuguesa, ao contrário do que se repete à exaustão, não é uma pequena economia aberta, é uma média economia relativamente fechada".