Em Matosinhos, o espaço onde em tempos uma padaria esteve anos de portas abertas, foi recuperado e ampliado para nele funcionar um restaurante, com cozinha sólida, e cujo nome é uma homenagem ao avô.
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A fotografia, em tons marcados pela patine do tempo, está lá na parede, sobre o lado direito, perpendicular ao balcão do espaço, outrora ocupado por uma padaria.
É o retrato do primeiro proprietário desse estabelecimento da rua Dr. José Ventura, mesmo em frente ao Bom Jesus de Matosinhos, templo erigido no século XVI e engrandecido pelo traço de Nicolau Nasoni, o arquiteto do barroco. O italiano transformou por completo a igreja, conhecida por Senhor de Matosinhos, construída com os dinheiros dos emigrantes no Brasil e da oferendas da comunidade piscatória.
Os tempos da padaria já lá vão; mas, hoje, décadas passadas, o AVÔ ARNALDO continua, daquela forma, presente no espaço, reaberto pelo neto, e consagrado no nome do restaurante.
A sala de entrada ou seja, o primitivo espaço, esta direcionado para um objetivo concreto: o reino da petiscaria e da partilha, cujos momentos podem ser passados a saborear esferas de alheira; gambas com cogumelos; prato com enchidos, queijos e presunto; pataniscas de polvo ou de bacalhau; pregos; salmão curado; morcela com cogumelos; ovos rotos.
Para lá do balcão, num espaço contíguo em forma de L, que resultou da ampliação da área inicial, nas paredes pintadas em cor ocre, há fotos a preto e branco do tempo em que Matosinhos se escrevia com dois tês.
Piso em ladrilho hidráulico, espaço entre as mesas, em cor preta, a garantir privacidade, boa luz natural, garantida por cinco janelões. Ambiente confortável. Amesendação moderna. Copos a preceito.
No capítulo de pratos com sabor marinho, polvo e bacalhau marcam presença maioritária. Bem à moda do norte, o fiel amigo pode ser cozinhado à Braga ou com broa. Grelhado, com batata na brasa, é outra opção ou ainda em filetes.
O molusco é proposto em arroz ou no forno, acompanhado com batata a murro.
Os filetes são outra alternativa, credora de muito boa nota. A tenrura do octópode, cuja fritura se revelou no ponto certo, mereceu justificado aplauso. Para acompanhar, nada melhor que uns saborosos grelos e batata a murro.
Outra escolha, mudando de capítulo, ou seja, nos pratos de carne e para duas pessoas: costeletão de boi maturado.
Carne particularmente saborosa, com tempo correto de permanência na grelha, cortada em finas fatias. O tom rosado da carne, suculenta e muito tenra estimulou o palato, deliciado com um acompanhamento verdadeiramente divinal: um arroz caldoso de feijão, grelos, cenoura e enchidos confecionado no ponto. Um hino aos sabores.
No leque de sugestões, figuram medalhões de vitela à portuguesa; secretos de porco ibérico; entrecôte de boi maturado e arroz de pato.
À 6.ª feira e ao sábado, o galo à portuguesa é o rei da lista; papel desempenhado, ao domingo, pelo cabrito à padeiro.
Por encomenda, caldeirada de peixe; o tradicional arroz de frango pica no chão e tripas à moda do Porto.
Para terminar, fruta, consoante a época do ano, maioritária no capítulo de sobremesas.
Carta de vinhos de bom nível, com as referências datadas.
Serviço muito atencioso contribui para a boa imagem do AVÔ ARNALDO, senhor de uma cozinha sólida, inspirada na tradição e feita com bons produtos neste restaurante, palco de jantares vínicos. Em Matosinhos.
Localização: Matosinhos
Telef.: 220 990 520 ; 915 184 297