Em Aveiro, Costa 'ofereceu' o protagonismo a dois membros do Governo. O líder socialista elogiou a carreira de Vieira da Silva e lembrou a sua reforma e, por outro lado, revelou grande esperança no "fresquinho da costa".
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Foi numa "sala cheia que nem um ovo" - palavra de Vieira da Silva - que o PS foi recebido em Aveiro, a terra dos ovos moles. A cinco dias das eleições legislativas, António Costa contou com a presença de dois ministros do seu Governo, Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos, e admitiu ser "um luxo" ter nomes como estes na equipa.
Vieira da Silva, que se vai reformar e afastar da vida política, foi muito crítico em relação à direita e dedicou grande parte do discurso a atacar Rio e Cristas. Após quatro anos de legislatura acredita que não houve enganos e que o PS sabe bem onde "estão os adversários".
"Não é pequena a diferença entre as promessas que PSD e CDS faziam e a realidade do Governo socialista", realçou, frisando que a "política mudou, as opções foram outras e o caminho foi diferente".
A taxa de desemprego é um dos exemplo usados por Vieira da Silva, quando refere que o "PPD de Rio, CDS de Cristas são os mesmos partidos que prometiam enviar para Bruxelas uma taxa de desemprego de 11% em 2019", e que o PS conseguiu alcançar um resultado muito mais baixo. A afirmação mereceu um dos maiores aplausos da noite e muitos assobios para a direita.
Entre elogios a Costa e a certeza que que é o "único candidato a primeiro-ministro da esquerda e o único que provou que sabe unir Portugal", Vieira da Silva continuou o ataque, apontando que PSD e CDS "não têm nada de novo a propor" e que o "povo português não esquece".
"PSD e CDS enchem a boca por causa do sistema da Segurança Social e das pensões. Convém que a memória não se esbata. Escreveram preto no branco que era preciso um corte de 600 milhões. Esqueceram, já não acreditam nele? Se o escondem estão a mentir aos portugueses, se acham que não é preciso estão a fazer um enorme elogio ao PS que soube equilibrar a Segurança Social", atirou Vieira da Silva.
Durante o discurso, o socialista acusou ainda a oposição de "falar muito e dizer pouco", frisando que o que distingue PSD e CDS do PS é o "ataque pessoal e a calúnia".
A aula do professor Pedro
Logo a seguir a Vieira da Silva, Pedro Nuno Santos foi recebido em festa em Aveiro, o distrito pelo qual é cabeça de lista. "Pedro, Pedro, Pedro", ouviu-se no auditório durante a sua entrada, de braços no ar e punho fechado. O ministro das Infraestruturas e Habitação e Costa estava ali como membro do PS, mas transformou-se no professor Pedro, deu uma lição sobre direita e esquerda, mas garantiu que não quer "dividir o país entre bons e maus", apenas esclarecer as diferenças entre os dois lados.
E se a aula se focou nas diferenças do espetro político, as críticas foram, claro está, apontadas à direita com acusações de que "gostava de transformar a sociedade num grande mercado" e de que pretende "reduzir impostos para amanhã ter a justificação para entregar a saúde e a educação ao negócio dos privados".
"A direita passou estes quatro anos a dizer que não fizemos reformas. Na verdade, não fizemos as reformas que a direita tinha feito se governasse", atirou, enumerando as conquistas do Governo na última legislatura e recordando que "há quatro anos não faltaram adjetivos para menorizar" a solução encontrada à esquerda.
O socialista reforçou que o Governo se bateu sempre em Bruxelas para cumprir o que tinha sido prometido ao país e que foi possível. "Confirmou-se que era possível acabar com a política masoquista que nos dizia que tínhamos vivido acima das nossas possibilidades e confirmou-se que era possível pôr fim à política fatalista que nos obrigava a manter baixas as nossas expectativas", apontou Pedro Nuno Santos.
No final do discurso, o cabeça de lista por Aveiro pediu um "grande resultado nas eleições que dê a força e a legitimidade que só o povo pode dar".
Pedro Nuno Santos, o "fresquinho da costa"
Já no fim do comício, António Costa surgiu para deixar rasgados elogios a Vieira da Silva, o homem que fez a "verdadeira grande reforma da Segurança Social", mas também a um dos homens do presente e do futuro, Pedro Nuno Santos, que nas palavras do líder socialista está "fresquinho da costa para muitos e bons anos ao serviço do país e do Governo de Portugal".
"É uma honra, um luxo poder ser primeiro-ministro de um governo que pode contar com Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos", frisou, elogiando também Mário Centeno quando se referiu ao cenário macroeconómico do PS, liderado por "um homem que a Direita procurou ridicularizar".
Ao olhar para os últimos anos, o secretário-geral do PS considera que o Governo foi "mais além", nomeadamente em temas que não estavam no programa e foram conseguidos, tal como os passes sociais. E mais, disse, "não tivemos de optar pela Europa nem subjugar-nos à austeridade". "Agora todos acham que foi fácil", atirou.
"Uns diziam que só nos libertamos da austeridade rasgando o euro ou mesmo tendo de abandonar UE. Outros diziam que "com essa conversa vão-nos pôr fora do euro e se calhar até da UE. Estavam todos enganados, estamos no euro, na UE e virámos a página da austeridade", apontou, frisando que é preciso olhar para o futuro e para o que se segue, mais precisamente o combate à erradicação da pobreza.
Costa voltou a pedir mobilização, um voto na "mãozinha" do PS e que todos chamem os "amigos, colegas, vizinhos, familiares, aquele que está a tomar a bica, o que se senta ao nosso lado no autocarro" para as urnas no dia das eleições. "Não se ponham a fazer contas com base nas sondagens", alerta o líder socialista.