Aberta há 20 anos, a Estação Litoral da Aguda nunca fechou o seu aquário com espécies animais e flora local, nem o seu museu piscatório. Mike Weber conta à TSF a história do seu amor pela praia gaiense.
Corpo do artigo
Uma joia na praia da Aguda, ou uma pérola entre os grãos de areia que brilha sem interrupções há 20 anos. É assim que Mike Weber descreve o "aquário com flora local" que criou, e onde alojou um "museu de pesca com cerca de dois mil objetos artesanais da pesca local, nacional e mundial".
Do departamento de investigação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), o biólogo marinho alemão conta, em entrevista à TSF, que a Aguda foi uma história da terra e do mar digna de um livro de Sophia de Mello Breyner, igualmente apaixonada pela costa gaiense.
TSF\audio\2019\07\noticias\01\mike_weber_estacao_litoral_da_aguda_
"Eu descobri a praia da Aguda em 1984. Naquela altura, ainda havia muitos barcos na praia, e consegui embarcar com os pescadores quase diariamente. Fiquei completamente apaixonado pela vida do mar", explica o investigador que também lhe dedicou uma obra, o livro "Marés da Aguda".
Mike Weber abraçou a missão de "conservar os aspetos culturais da aldeia piscatória", para efeitos de "turismo, investigação científica e ensino", num "lugar à beira-mar em que os alunos podem ter contacto direto" com o mundo aquático. Por isso, a Estação Litoral da Aguda é um mergulho até aos 25 metros de profundidade da biodiversidade colorida do oceano, e que ainda tem lugar para uma "volta à terra" em exposição.
O lugar é ainda aquário de uma "pequena ribeira que atravessa as dunas", "divãs" e "biombos indiscretos" das espécies de água doce de Vila Nova de Gaia. Em 20 anos, pouco mudou, e o sítio museológico registou apenas variações de "espécies invasoras na costa".
O docente do ICBAS juntou ao espólio 10 programas de educação ambiental para reeducar a população portuguesa desde o jardim-de-infância até à universidade sénior. Pela Estação Litoral da Aguda já passaram milhares de alunos que, entre outras disciplinas, já aprenderam mais sobre turismo de interpretação da costa, ecologia aquática e biologia dos vertebrados.
Desde 2006, a Estação Litoral da Aguda está ainda envolvida na investigação do lavagante europeu, uma missão que já permitiu "lançar para o mar 400 lavagantes". Mike Weber diz ter descoberto, no decurso da observação da espécie que esta população "não está em perigo".
Um refúgio de aprendizagem e um novo fôlego para o conhecimento sobre a vida marinha, a Estação Litoral da Aguda pode vir a expandir e a ganhar uma nova escola de mergulho nos próximos anos.
Para o futuro, fica também o desejo de Mike Weber de nunca fechar as portas que dão acesso ao fundo do mar. O lugar à beira-mar esteve sempre aberto: "Em mais de sete mil dias nunca fechou."