
Foi o biólogo marinho alemão, Mike Weber, o responsável pela criação da Estação Litoral da Aguda
Ivan del Val/Global Imagens
Aberta há 20 anos, a Estação Litoral da Aguda nunca fechou o seu aquário com espécies animais e flora local, nem o seu museu piscatório. Mike Weber conta à TSF a história do seu amor pela praia gaiense.
Uma joia na praia da Aguda, ou uma pérola entre os grãos de areia que brilha sem interrupções há 20 anos. É assim que Mike Weber descreve o "aquário com flora local" que criou, e onde alojou um "museu de pesca com cerca de dois mil objetos artesanais da pesca local, nacional e mundial".
Do departamento de investigação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), o biólogo marinho alemão conta, em entrevista à TSF, que a Aguda foi uma história da terra e do mar digna de um livro de Sophia de Mello Breyner, igualmente apaixonada pela costa gaiense.
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"Eu descobri a praia da Aguda em 1984. Naquela altura, ainda havia muitos barcos na praia, e consegui embarcar com os pescadores quase diariamente. Fiquei completamente apaixonado pela vida do mar", explica o investigador que também lhe dedicou uma obra, o livro "Marés da Aguda".
Mike Weber abraçou a missão de "conservar os aspetos culturais da aldeia piscatória", para efeitos de "turismo, investigação científica e ensino", num "lugar à beira-mar em que os alunos podem ter contacto direto" com o mundo aquático. Por isso, a Estação Litoral da Aguda é um mergulho até aos 25 metros de profundidade da biodiversidade colorida do oceano, e que ainda tem lugar para uma "volta à terra" em exposição.
O lugar é ainda aquário de uma "pequena ribeira que atravessa as dunas", "divãs" e "biombos indiscretos" das espécies de água doce de Vila Nova de Gaia. Em 20 anos, pouco mudou, e o sítio museológico registou apenas variações de "espécies invasoras na costa".
O docente do ICBAS juntou ao espólio 10 programas de educação ambiental para reeducar a população portuguesa desde o jardim-de-infância até à universidade sénior. Pela Estação Litoral da Aguda já passaram milhares de alunos que, entre outras disciplinas, já aprenderam mais sobre turismo de interpretação da costa, ecologia aquática e biologia dos vertebrados.
Desde 2006, a Estação Litoral da Aguda está ainda envolvida na investigação do lavagante europeu, uma missão que já permitiu "lançar para o mar 400 lavagantes". Mike Weber diz ter descoberto, no decurso da observação da espécie que esta população "não está em perigo".
Um refúgio de aprendizagem e um novo fôlego para o conhecimento sobre a vida marinha, a Estação Litoral da Aguda pode vir a expandir e a ganhar uma nova escola de mergulho nos próximos anos.
Para o futuro, fica também o desejo de Mike Weber de nunca fechar as portas que dão acesso ao fundo do mar. O lugar à beira-mar esteve sempre aberto: "Em mais de sete mil dias nunca fechou."