O segundo romance de Paulo Jorge Pereira é uma viagem ao tortuoso mundo dos presos políticos antes do 25 de Abril de 1974. Chama-se "Filho da PIDE".
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A vida de Carlos, um português que cresceu em Paris, criado pelo tio, muda no dia em sabe que tem de regressar a Portugal, porque a mãe, que ele pensava ter morrido, está gravemente doente.
É também nesse dia que descobre que a mãe foi uma agente da PIDE, a polícia politica que serviu a ditadura até abril de 1974.
O romance "Filho da PIDE" (edição Oro), começa neste ponto, mas o autor, Paulo Jorge Pereira, "jornalista não praticante", diz que esta ficção, transformada em romance, é baseada numa profunda investigação aos arquivos da PIDE, na Torre do Tombo, e nas memórias do arquivo do Museu do Aljube, uma antiga prisão.
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Ou seja, "O filho da PIDE" é uma ficção baseada "em histórias verdadeiras" de pessoas que sofreram "os piores horrores" às mãos dos agentes da polícia politica.
O autor, diz que "este livro é uma homenagem às pessoas que sofreram com a ditadura", mas também um exercício que não tem "poupanças".
"Os momentos crus, os momentos violentos, a crueldade que a PIDE e que a ditadura exerceram, são pontos de partida para o romance", explica em à TSF, Paulo Jorge Pereira.
Questionado sobre a forma como a sociedade portuguesa resolveu a herança da PIDE, Paulo Jorge Pereira lamenta que se fale pouco do tema.
Nesse sentido, o autor de "O filho da PIDE" entende que o livro é "um importante exercício de memória para as novas gerações, mas também para todos nós que ficamos em casa quando somos chamados a votar".
Particularmente, sublinha Paulo Jorge Pereira, quando em todo o mundo cresce a expressão politica da extrema-direita e quando "nos preparamos para celebrar 50 anos do 25 de Abril, com a presença no Parlamento de um partido com esses valores".
A investigação que permitiu o livro contou com o apoio de Irene Fulsner Pimentel, Prémio Pessoa, que tem dedicado muito tempo a estudar a ação da PIDE e das respetivas vitimas, e de Luís Farinha, o antigo diretor do Museu do Aljube.