Marta Pojo, diretora de projetos de saúde da Liga Portuguesa Contra o Cancro na região sul, revelou que, para o efeito, a associação duplicou a capacidade de unidades móveis.
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Lisboa recebe, a partir desta segunda-feira, o rastreio para o cancro da mama, instituído pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. Depois de já ter passado por vários pontos do país, a campanha chega à capital e a maior demora explica-se, segundo a diretora de projetos de saúde da Liga, na região sul, Marta Pojo, devido a se tratar de uma zona "com grande densidade populacional".
A diretora garante que esta foi "uma luta durante anos" da Liga, para "oferecer equidade a todas as mulheres". Por isso, a associação vê a chegada a Lisboa como "uma grande vitória" e "um marco para toda a comunidade".
Para o rastreio, são "convidadas" todas as mulheres entre os 50 e os 69 anos "através de carta, telefone ou e-mail". Contudo, existem alguns critérios a ser cumpridos, como "não ter tido nenhum caso de cancro da mama e não ter próteses mamárias", mas estas "são informações perguntadas e avisadas" durante o contacto inicial.
No caso de não surgir um convite, Marta Pojo pede às mulheres que se dirijam "às nossas unidades móveis e se autoproponham a exame", desde que cumpram os critérios referidos anteriormente.
Com o novo alargamento dos rastreios à região de Lisboa, a Liga Portuguesa Contra o Cancro estima chegar, de entre as 400 mil mulheres disponíveis, a mais de 200 mil, que serão convidadas todos os anos. No entanto, como o rastreio é bienal "faremos metade em cada ano", espera a associação.
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Questionada sobre o investimento, a diretora de projetos de saúde da Liga assume que o alargamento dos rastreios "saíram caro". "Tivemos que aumentar as infraestruturas e os recursos humanos. Tínhamos cinco unidades móveis e passámos a ter 10 e no futuro queremos ter uma fixa, também", conta, referindo que tudo "é por conta da Liga e com um grande apoio daqueles que participam no peditório e que doam o que podem".
A operação de rastreios gratuitos ao cancro da mama custa "cerca de dois milhões anuais à Liga", revelou Marta Pojo.
Antes de chegar a Lisboa, os rastreios já passaram por vários pontos do país e há tendências nos resultados. "quando as senhoras são convidadas pela primeira vez, a taxa de participação é sempre menor do que aquela que assistimos no resto do país" e deu o exemplo do Alentejo, onde têm "concelhos com 80% de participação".
"Quando iniciamos uma região nova, a participação é mais baixa", registando taxas abaixo de 30% de comparecimento, porque "não conhecem" o projeto. Por isso, Marta Pojo apela "à divulgação" dos rastreios, porque são "seguros e eficazes".
Com dois médicos em cada unidade móvel para analisar o exame, a diretora de projetos de saúde da Liga garante que existem "muitos poucos falsos positivos" com a "especialidade e especificidade" que implica ter "duas pessoas a olhar para a mesma mamografia".
"Em cada 100 mil mulheres rastreadas, detetamos aproximadamente 500 casos de cancros" e, caso o rastreio seja feito "numa fase precoce, podemos salvar muitas vidas", conclui Marta Pojo.