Uma igreja, um jardim e uma mata com raposas. Eis a "cidade de Deus" onde está reunido o Governo
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, adianta que está previsto um investimento de mais de três milhões de euros para o Mosteiro de São Martinho de Tibães no âmbito do PRR. À TSF, o coordenador do espaço, Paulo Oliveira, faz uma visita guiada a este imóvel que ainda não chegou ao patamar de monumento nacional.
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O Mosteiro de São Martinho de Tibães, próximo de Braga, recebe a reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira. Este mosteiro é a antiga casa mãe da Congregação Beneditina Portuguesa, um centro de poder. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, o mosteiro foi encerrado e os bens foram vendidos ou integrados em museus.
O edifício degradou-se e chegou mesmo a estar em ruínas. Com a passagem do edifício para o Estado, o investimento tem permitido recuperar o mosteiro. Em declarações à TSF, o ministro da Cultura sublinha a oportunidade de aproveitar o Conselho de Ministros para dar visibilidade ao património. Pedro Adão e Silva dá conta do investimento que ainda vai ser feito no mosteiro de Tibães.
"É uma história longa e um retrato das transformações do país. O mosteiro tem uma obra que se inicia no século XVI/XVII, que, de certa forma, fica em privados no século XIX, e que é recuperado para o Estado no século XX. Desde aí tem tido uma sucessão de investimentos que se vão complementando. Além de tudo aquilo que têm sido os investimentos dos últimos anos no contexto dos sucessivos quadros comunitários, está previsto um investimento no contexto do PRR de mais de três milhões de euros", adianta Pedro Adão e Silva.
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Entre árvores de azevinhos e uma mata onde podem ser avistadas raposas, este imóvel foi classificado como de interesse público, em 1944, mas ainda não chegou ao patamar de monumento nacional. O coordenador Paulo Oliveira abre a porta do espaço à TSF.
"Aqui vai encontrar desde uma igreja fantástica com um interior recheado de magnífica talha, desde o período maneirista até ao neoclássico, passando pelo rococó do Alto Minho, que é o ex-líbris do interior esta igreja. Vai encontrar também um edificado conventual muito grande, que era a casa mãe da Ordem de S. Bento em Portugal, uma cerca fabulosa também com mais de 30 hectares com uma fauna e uma flora características desta região do Minho", descreve Paulo Oliveira, referindo que este é um "espaço que precisa de algum tempo para ser visitado, mas que integra desde a arte, a arquitetura, a paisagem, o ambiente, a fauna e a flora". "É quase uma cidade de Deus", sublinha.
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A rodear o edifício, a mata oferece um património igualmente valioso. "Podemos percorrer um jardim, um lago que era um antigo reservatório de água e, ao mesmo tempo, é um espaço de lazer e de reflexão. Podemos caminhar entre uns caminhos pontuados pelo carvalhal, com algumas espécies interessantes, pode ver-se umas raposas e uns anfíbios. Podemos caminhar por um tempo que já lá foi que nos lembra muito a vivência da comunidade religiosa que cá esteve", afirma.
Paulo Oliveira descreve ainda a sala onde estão reunidos esta quinta-feira os membros do Governo. "É uma antiga sala do capítulo geral, [onde se faziam] as eleições dos abades e dos altos cargos da Ordem", recorda, fazendo um retrato dos painéis de azulejos do período Rococó e do "pavimento de pinho maravilhoso".
"É de uma beleza fantástica e muito bem escolhida para a reunião", reforça.
Nesta sala há ainda "quatro varandas grandes voltadas para a cerca, onde podemos ver os antigos campos das hortas e o jardim histórico. É um bom espaço para reflexão", acrescenta, convidando os membros do Governo a pernoitarem neste espaço que tem também uma hospedaria.
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