Uma máquina em palco. Florence, a condessa descalça, reinou na segunda noite do NOS Alive
Doze anos depois de ter marcado presença num palco secundário do NOS Alive, a banda Florence + The Machine mostrou porque ascendeu ao Olimpo do palco principal.
Corpo do artigo
Um verdadeiro furacão percorreu o palco principal do NOS Alive, ao longo de hora e meia.
A britânica Florence Welsh, descalça, uma cascata de cabelos ruivos e um longo e esvoaçante vestido vermelho, irrompeu pelo palco recebida por milhares que, com ela, cantaram todas as canções levando a artista a exclamar que aquele foi o "público mais ruidoso e o melhor coro" de todos os festivais em que a banda já tocou.
Exagero ou não, certo é que Florence parecia genuinamente surpreendida e extasiada com a receção.
Um dos momentos mais marcantes foi "Dog Days are Over", com o apelo para que o público guardasse os telemóveis (para muitos, a tentação de filmar foi mais forte...), "passamos demasiado tempo presos a ecrãs", lamentou Florence instando o público a ligar-se com as pessoas mais próximas.
Misturando habilmente temas que celebrizaram a banda, como "Ship to Wreck ou "King", com excertos do novo trabalho "Dance Fever", Florence e a consistente banda que a acompanha, qual máquina bem oleada, protagonizaram um concerto febril, quase exorcizando os fantasmas que a perseguiram durante algum tempo.
Florence recuperou "Never Let Me Go", canção que lhe recorda os dias em que era uma jovem "muito triste e bêbeda". À plateia que ia fazendo render os negócios de bebidas, numa noite a rondar os 30º, manifestou o desejo de que "quem veio para aqui triste e bêbedo, esteja agora apenas bêbedo."
Depois de apagadas as luzes, a banda ainda voltou para um inebriante "Shake it out", fechando a prestação com "Rabbit Heart (Raise it Up).
Foi aí, já perto do fim, que Florence pediu um "sacrifício humano": que alguém se predispusesse a carregar outra pessoa em ombros. Apesar da insistente intervenção da segurança, foram dezenas aqueles que às cavalitas, ou mesmo de pé, em ombros alheios, corresponderam ao apelo, num delírio crescente quando Florence se aproximava da assistência, apertando mãos e deixando-se abraçar.
Na plateia, uma jovem celebrava o aniversário e Florence + The Machine ajudaram à festa.