"Uma situação muito difícil." Hospital de Viseu com cuidados intensivos no limite
Em média, por dia, são internados 20 a 30 doentes com o novo coronavírus no hospital. Os cuidados intensivos foram reforçados. Têm agora 26 camas e quase todas estão ocupadas.
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O Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV) é na região centro do país o hospital mais pressionado pela Covid-19. O diretor clínico da unidade hospitalar, Eduardo Melo, assume que o cenário é complicado.
"Estamos com uma situação muito difícil, como todos os hospitais do país. Temos um número de internados elevadíssimo, 276 doentes internados, 23 deles em cuidados intensivos e os restantes em enfermaria. Este tem sido um número relativamente estável ao longo da semana. Desde o início da semana que temos mantido praticamente este nível de ocupação", afirma o responsável.
Em média, por dia, são internados 20 a 30 doentes com o novo coronavírus no hospital. Os cuidados intensivos foram reforçados. Têm agora 26 camas e quase todas estão ocupadas.
"Temos feito essa gestão com muita imaginação e pedindo às pessoas que façam um pouco mais ainda e ultrapassando os seus limites. Conseguimos criar mais duas camas de cuidados intensivos e fazemos uma gestão ao minuto, conseguindo dar uma saída aos doentes covid e não covid e neste momento temos uma cama vaga em cuidados intensivos", refere Eduardo Melo.
O número de mortes também disparou e atingiu um novo máximo por dia. No CHTV morreram nesta última semana 45 pessoas devido à pandemia. A morgue do hospital teve que ser ampliada.
"No verão tínhamos aumentado a capacidade da casa mortuária, com mais gavetões, e recentemente instalámos uma câmara frigorífica adicional que tem suprido as necessidades. A capacidade total da morgue é de 20 e agora com o contentor podemos acumular mais dez cadáveres", explica.
No serviço de urgências, "a pressão é constante" e "diária". Ainda que reconheça que os "tempos de espera são superiores ao desejado", o diretor clínico no CHTV garante que para já "não há muitas horas de espera", nem filas "de ambulâncias", como acontece noutros pontos do país.
A realidade no Centro Hospitalar sediado em Viseu é dura. Eduardo Melo não esconde que na unidade hospitalar se pratica nos dias de hoje uma medicina de catástrofe, com os profissionais de saúde estão exaustos, mas a trabalhar.
"As pessoas são resilientes e isto não surgiu esta semana, vem de uma caminhada longa, de uma maratona de luta contra a pandemia e as pessoas naturalmente para os últimos quilómetros estão mais cansadas", afirma, acrescentando que "não há felizmente muitas pessoas a ficar sem condições de trabalhar".
"Naturalmente que há exaustão emocional, cansaço, mas as pessoas estão muito focadas no trabalho, na sua missão e todos temos vindo trabalhar", conclui.
O Centro Hospitalar Tondela Viseu tem nesta altura 130 funcionários infetados com Covid-19 e 30 em quarentena.
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