"Uma trapalhada." Varela de Matos exige repetição das eleições na Ordem dos advogados
"Erro na aplicação do método de Hondt" levou a comissão eleitoral ter anunciado vitória na corrida ao Conselho de Deontologia do Porto de uma candidata que afinal perdeu.
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O candidato a bastonário Varela de Matos vai esta quarta-feira pedir a repetição das eleições na Ordem dos Advogados por entender que "todos os resultados do ato eleitoral de 29/11/19 estão sob suspeita".
Isto depois de, naquela que foi a a primeira eleição por voto eletrónico da Ordem dos Advogados, a comissão eleitoral ter anunciado vitória na corrida ao Conselho de Deontologia do Porto de uma candidata que afinal perdeu. "A lista candidata mais votada foi a lista V, do candidato Orlando Carvalho Leite e não a lista Z, da candidata Paula Alexandra Ferreira", assumiu a associação pública no site oficial.
O "manifesto lapso" na divulgação do vencedor deveu-se a um "erro na aplicação do método de Hondt", apesar de a contabilização das votações ter sido foi realizada de forma correta, explica a Ordem dos Advogados.
Segundo a mesma nota, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID) está a auditar o processo eleitoral e será divulgado um "relatório circunstanciado da ocorrência nos próximos dias".
Em comunicado, Varela de Matos diz que esta é "uma nódoa" que só pode ser apagada com a repetição das eleições e pelo método tradicional, ou seja, sem recurso ao voto eletrónico, o sistema "modernaço" que custou 184.000 euros das quotas dos Advogados.
"Confirma-se o que eu afirmei, aquando da aprovação do sistema de voto eletrónico: não estava testado e ia ser uma trapalhada, como fora nas eleições para o Congresso. Confirmou-se o pior. Aí está o resultado da pressa: É necessário fazer a recontagem dos votos! Trapalhada atrás de trapalhada. Dúvidas, erros e suspeitas na eleição dos vários órgãos", escreveu o advogado.
Já em declarações à TSF, Varela Matos, reafirma que "está lançada a suspeição" e a dúvida, pelo que repetição do ato eleitoral é necessária. "O velhinho método da cruz no papel nunca deu problemas", diz.
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Varela de Matos vai pedir a repetição das eleições esta quarta-feira em tribunal, informando a Procuradora-geral da República. Também hoje votos serão recontados, na sede da Ordem, a pedido da lista derrotada no Porto, de Paula Alexandra Ferreira.
"Disparates", responde Guilherme Figueiredo perante a iniciativa de Varela de Matos. O atual bastonário da Ordem dos Advogados vai disputar a segunda ronda de eleições para a Ordem dos Advogados contra Menezes Leitão e considera que não faz sentido repetir as eleições.
"Quem se candidata a bastonário tem uma responsabilidade institucional acima de tudo. E essa responsabilidade institucional não pode levar a que se venha para a praça pública dizer disparates", condena.
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Para Guilherme Figueiredo nem a participação à Procuradora-geral da República "tem fundamento": "Isso não interessa, o que interessa é dizer para o ar, o que provoca problemas de ruído" que dão uma má imagem à Ordem dos Advogados.
Também em declarações à TSF, o candidato a bastonário Menezes Leitão diz que "não faz sentido nenhum" repetir as eleições, mas admite que foi "precipitado avançar para o voto eletrónico".
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Inicialmente, Paula Alexandra Ferreira tinha conseguido 15 mandatos no Conselho de Deontologia do Porto, sendo que agora passaram para oito, o que corresponde a 2.440 votos. Já o legítimo vencedor arrecadou, primeiramente, sete mandatos, quando afinal tinha garantiu oito, com 2.988 votos.
Uma equipa de auditoria às eleições, liderada pelo professor José Tribolet, admitiu esta terça-feira que terá havido uma aplicação incorreta do método de Hondt, mas garante que os resultados não foram manipulados.
Seis candidatos concorreram a bastonário da Ordem dos Advogados entre os 33 mil colegas de profissão: atual bastonário, Guilherme Figueiredo; Menezes Leitão, presidente do Conselho Superior da Ordem; António Jaime Martins, presidente do Conselho Regional de Lisboa; Varela de Matos; Isabel da Silva Mendes e Ana Luísa Lourenço.
Notícia atualizada às 10h21