Pela primeira vez em duas décadas, os números do trabalho infantil podem subir. Em Portugal, Confederação Nacional de Ação Sobre o Trabalho Infantil revela denúncias, principalmente sobre situações no setor da restauração.
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A UNICEF e a Organização Internacional do Trabalho alertam esta sexta-feira para a possibilidade de subida do trabalho infantil no mundo devido à crise motivada pela pandemia. No Dia Internacional Contra o Trabalho infantil, as organizações internacionais mostram preocupação com a exploração de crianças e jovens, também nos países desenvolvidos.
Em Portugal, a presidente da Confederação Nacional de Ação Sobre o Trabalho Infantil (CNASTI) não fala para já, num aumento de casos, mas Fátima Pinto, admite que a associação já recebeu várias denúncias nos últimos meses. "A situação pode agravar-se porque a pandemia trouxe muito desemprego e muita fome. Ultimamente recebemos mais denúncias, sobretudo na restauração", revela a responsável da confederação portuguesa.
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Mas não são apenas estes casos denunciados que preocupam a CNASTI. Fátima Pinto confessa que tem medo que a pandemia possa levar a um agravamento do número de casos e lembra que há uma realidade que passa ao lado do olhar da sociedade. "Temos tráfico de estupefacientes, tráfico de crianças, crianças exploradas no mundo da moda e do espetáculo, crianças a ser exploradas sexualmente, também em Portugal, não apenas no terceiro mundo", adverte.
Para limitar o número de casos e combater situações de abuso, Fátima Pinto alerta para a necessidade de intervenção das autoridades portuguesas no terreno. "Tem de existir muita atenção por parte das autoridades. A Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) tem de estar no terreno e as Comissões de Proteção de Crianças e Menores têm de cumprir cumprir o seu objeto, ou seja, proteger as crianças".
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Fátima Pinto receia também o aumento dos casos de violência doméstica contra as crianças.