O padre Nuno Santos, da Pastoral do Ensino Superior, refere que as novas regras de acesso às bolsas estão a deixar muitos pelo caminho.
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A Igreja Católica acredita que Portugal corre o risco de tornar o acesso à universidade um exclusivo das elites económicas, o que constitui um «atentado à democracia e à justiça social».
Em declarações à TSF, o padre Nuno Santos disse que a Igreja tem conhecimento de muitos casos de abandono das universidades por motivos exclusivamente finaceiros.
«Alunos com capacidade estão a ser impedidos de estudar por razões exclusivamente económicas. Penso que isso coloca em causa a justiça social e até, em parte, esta dimensão democrática do nosso país», explicou.
Este responsável da Pastoral do Ensino Superior acrescentou ainda que as novas regras para a atribuição de bolsas estão a deixar pelo caminho muitos estudantes com mérito.
«Este ano é um ano de viragem para pior e para o próximo ano acho que vai ser o caos a esse nível, porque muita gente não vai sequer arriscar-se matricular-se», frisou.
O padre Nuno Santos assinalou, por exemplo, uma situação que entende ser «gravosa» e que tem a ver com a proibição de acesso às bolsas para pessoas em agregados com dívidas à Segurança Social, o que «põe de lado muitíssima gente».
Para este responsável da Pastoral do Ensino, este ano já se sente que o Ensino Superior é restrito aos mais ricos e os «proximos anos vão acentuar em muito essa realidade ao ponto de, se não tomarmos, o Ensino ficar restrito às eleites económicas».