Modelo de encerramento da urgência pediátrica aos fins de semana vai manter-se até 18 de novembro.
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O Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta (Almada) anunciou esta quinta-feira que vai manter o modelo de encerramento da urgência pediátrica aos fins de semana, das 20h00 de sexta-feira às 08h30 de segunda-feira, até 18 de novembro.
Em comunicado, a administração adiantou ainda que na próxima sexta-feira, dia 01 de novembro, o Serviço de Urgência Pediátrica vai encerrar mais cedo, às 9h00, e reabre às 8h30 de segunda-feira, dia 04 de novembro.
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Manuel Lemos, o presidente das misericórdias, revelou à TSF que não tem argumentos para convencer os pediatras que trabalham para estas instituições a irem ajudar aos fins de semana a urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada.
A administração tinha anunciado para esta quinta-feira à tarde uma conferência de imprensa para falar sobre a situação na urgência pediátrica daquela unidade hospitalar (no distrito de Setúbal), que tem vindo a encerrar aos fins de semana devido à falta de médicos pediatras. Porém, a conferência de imprensa foi cancelada por terem surgido entretanto "novas possibilidades de articulação e reorganização do serviço, em que se inclui a nomeação de um novo coordenador" da Pediatria, permitindo a eventual resolução do problema até ao dia 18 de novembro.
Uma das soluções para resolver o problema passava pela ajuda das misericórdias, mas Manuel Lemos explicou que nem o argumento de que esta é quase uma ação humanitária serve para ter a disponibilidade dos pediatras.
"Não há. Passamos a vida a falar da natalidade e depois não há pediatras. Fomos pedir aos nossos pediatras para darem um salto a Lisboa ao fim de semana quase como uma ação humanitária, tipo médicos sem fronteiras dentro das fronteiras nacionais", explicou Manuel Lemos.
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Para os pediatras que trabalham para as misericórdias, não é atrativo ajudar a urgência do Garcia de Orta. Manuel Lemos sublinhou que isso não acontece nas misericórdias que não têm falta de pediatras porque lhes oferecem condições melhores que o serviço público.
"Cada misericórdia paga como quer. A União das Misericórdias não intervém sobre isso, é um acordo-parceria entre nós e cada médico que trabalha connosco. Diria quase que não é uma relação salarial, é algo que está muito ligado ao trabalho que é produzido, às consultas que fazem e aos resultados que têm", afirmou o presidente das misericórdias.
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Manuel Lemos promete não desistir de ajudar, mas para já não tem tido sucesso.
Ao todo, no final do ano passado, existiam 1099 pediatras no Serviço Nacional de Saúde, segundo o balanço social da Administração Central do Sistema de Saúde. Durante 2018, estes profissionais de saúde fizeram 389.479 horas de trabalho suplementar (mais 5% do que em 2017), o que os coloca entre as cinco especialidades médicas com maior volume de horas de trabalho suplementar, logo a seguir à medicina interna, cirurgia geral, medicina geral e familiar e anestesiologia.
No comunicado divulgado esta quinta-feira, o Hospital Garcia de Orta lembra que, durante os períodos de encerramento da urgência pediátrica naquela unidade hospitalar, os utentes podem recorrer ao Atendimento Complementar nos Centros de Saúde Rainha D. Leonor (Almada) e Amora (Seixal), que estão abertos das 10h00 às 17h00, de sábado e domingo.
Para situações mais graves, os utentes devem recorrer às urgências pediátricas dos hospitais de Santa Maria ou D. Estefânia, na cidade de Lisboa.