O ministro da Saúde afirmou, esta semana ao Parlamento, que o modelo organizativo dos serviços de urgências em vigor na região Norte poderá ser replicado em Lisboa. Um processo que teve início em 2005, numa altura em que a ARS/Norte era liderada por Maciel Barbosa.
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Por mais tempo que passe, há dias que não se esquecem. "2 de Maio de 2005, quando entrámos em funções era um dos problemas que estava em cima da mesa". Maciel Barbosa era, então, o novo presidente da Administração Regional do Norte. Com os problemas nas urgências já diagnosticados, era preciso avançar.
"Sentámo-nos à volta de uma mesa com muito pragmatismo e rigor e questionámos tudo... todos os dados que era necessário recolher, e depois trabalhámos com as pessoas, reunimos com todos os responsáveis dos serviços de cada uma das especialidades".
O ex-presidente da ARS Norte, que tinha como número dois Fernando Araújo [o recém-empossado director-executivo do SNS] diz que as cartas foram colocadas em cima da mesa sem rodeios.
"A nossa responsabilidade era assegurar às pessoas uma resposta estrutura e de qualidade, e toda a gente vestiu a camisola da responsabilidade cívica".
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O processo de reorganização das urgências na região Norte não esteve isento de algumas resistências, às quais não se dava lastro. Quase duas décadas depois, Maciel Barbosa entende que o modelo é replicável noutros pontos do país, como admitiu o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, no Parlamento.
"Pode ser aplicado em todo o lado. O problema é sempre os princípios, regras e valores".
Para o antigo responsável da ARS/Norte, tudo depende da vontade de cumprir a agenda da população. Apenas e só.
"Quando não se chega a acordo é porque existem interesses...".
Ana Jorge era ministra da saúde quando começou a ganhar corpo a remodelação dos serviços de urgência na região Norte.
Um processo com final feliz graças a um bom planeamento, que colocou no centro três questões essenciais.
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A antiga ministra da Saúde considera que este é um momento chave para replicar o modelo na região da Grande Lisboa, sendo que Ana Jorge teme que não seja um processo tão linear.
À TSF, a ex-ministra lembra que as crises geram sempre oportunidades, por isso, no seu entender, este é o momento certo para avançar, o quanto antes, em Lisboa.
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Uma das medidas que a antiga ministra Ana Jorge considera central, para que esta seja uma reforma bem sucedida, é envolver, ainda mais, os centros de saúde na resposta aos cuidados primários, alargando o horário de funcionamento e alargar o atendimento a utentes de outras unidades.