Urgências sob pressão: doentes urgentes esperam mais de sete horas no Amadora-Sintra
Já em Setúbal, no Hospital São Bernardo, os doentes urgentes esperam cerca de duas horas
Corpo do artigo
As urgências de dois hospitais da Grande Lisboa estão sob forte pressão. No Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), o tempo médio de espera para um doente urgente, com pulseira amarela, é de mais de sete horas. Já quem tem pulseira verde, terá de esperar quase 14 horas. Em Setúbal, no Hospital São Bernardo, os doentes urgentes esperam cerca de duas horas, enquanto os menos urgentes têm de aguardar sete horas para serem atendidos.
Em declarações à TSF, a presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, lamenta mais uma vez que ainda não esteja pronto o plano de urgências para o verão.
"Não tem só a ver com a falta de médicos a nível hospitalar, tem também a ver com a falta de médicos a nível dos cuidados de saúde primários, porque os médicos no SNS acabam por faltar em todo o lado: a nível dos centros de saúde, a nível hospitalar, a nível dos médicos de saúde pública", afirma, alertando: "Todos nós acabamos por funcionar de forma integrada e se faltarmos mais numa certa área, os doentes, não tendo onde recorrer, acabam por recorrer mais ao serviço de urgência, com a agravante neste momento que desconhecemos qual é o plano de verão e o verão está mesmo à porta."
"Além de que em termos dos serviços de urgência que estão encerrados ou abertos, isso é ocultado pelo Ministério da dra. Ana Paula Martins, o que é também lamentável. Isto pode causar muitos constrangimentos e mais dificuldade no acesso aos doentes, sobretudo às grávidas que ficam limitadas a uma linha telefónica. Este cenário poderá ainda piorar pelo verão adentro", acrescenta.
Já na quinta-feira, a grande afluência às urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, provocou tempos de espera "mais elevados do que o desejado", de acordo com fonte da unidade de saúde, tendo chegado às 13 horas de espera.
Na sexta-feira, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) considerou "muito provável" que hospitais voltem a enfrentar dificuldades de funcionamento neste verão, tendo em conta que continuam a debater-se com falta de profissionais de saúde.
"O ano passado tivemos dificuldades porque tínhamos falta de recursos humanos. Se essa falta de recursos humanos se mantém, então é muito provável que os resultados sejam os mesmos", adiantou Xavier Barreto à agência Lusa.
De acordo com o presidente da APAH, tudo indica que a situação dos hospitais nos próximos meses "não vai ser muito diferente" da verificada durante o verão de 2023, com urgências a funcionar de forma rotativa, uma vez que "as circunstâncias não se alteraram assim tanto" deste então.
Perante eventuais novos constrangimentos nas escalas das equipas médicas, Xavier Barreto disse esperar que novamente os hospitais tenham de se organizar entre si, de uma "forma coordenada, para mitigar essas dificuldades".
"No ano passado foi possível o Serviço Nacional de Saúde manter a resposta à população. Temos de encarar essas circunstâncias com preocupação, naturalmente com empenho, mas sem dramatizar em demasia a situação", salientou.
Notícia atualizada às 09h37
