A campanha de vacinação deveria abranger mais dois lares do concelhos, mas os surtos de covid-19 impediram o início da campanha.
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As fitas da Proteção Civil circundam o lar da Granja marcando o perímetro de segurança e deixam a população perceber que as desejadas vacinas estão mesmo aí a chegar. Os 22 utentes e 17 funcionários são esta quarta-feira vacinados no Lar da Associação de Proteção Social à População da Granja, uma das freguesias de Mourão, concelho alentejano que passou a estar no topo dos municípios portugueses com a maior incidência de covid-19, equivalendo a 3388 casos positivos para cada 100 mil habitantes.
"É uma boa notícia, porque deixa a população mais tranquila", desabafa Carlos Silva, um dos moradores da freguesia que até para regar o quintal da vizinha não dispensa o uso de máscara. "Temos visto o que está a acontecer noutros lares e receamos que aqui possa acontecer o mesmo com os nossos idosos. Temos que zelar pelo seu bem-estar", justifica.
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A vizinha Isabel também "aplaude" o início da vacinação no lar, ressalvando que "ainda não é motivo para festejar", mas já encara este passo como "uma luz lá ao fundo", diz à TSF.
"Têm sido meses de constantes sobressaltos. A nossa população é quase toda idosa e se aqui cai alguma coisa pode ser trágico", sublinha, sem perder de vista que na terra "todos se conhecem pelo nome e todos se juntam diariamente". A moradora, que elogia as condições do lar onde já fez estágio, congratula-se pelo facto de nos últimos tempos a Granja não ter registado qualquer caso positivo. "Tivemos cinco ou seis há uns meses, mas agora tem estado calmo, porque a população também tem cuidados", afiança.
E é precisamente por isso que a vacinação chega na altura certa. Entre a população havia o receio de acontecer algo semelhante ao que sucedeu no lar da vizinha aldeia da Luz, onde as vacinas deveriam começar também esta quarta-feira a ser distribuídas, mas uma funcionária da instituição testou positivo à covid-19 obrigando a cancelar a operação.
O vereador da Câmara de Mourão, Manuel Carrilho, lamenta o contratempo, mas agarra-se à "janela de esperança" aberta pela chegada das vacinas ao Lar da Associação de Proteção Social à População da Granja, fazendo fé que pode ser o início do combate ao novo coronavírus que nas últimas semanas não tem dado tréguas no concelho, colocando Mourão à frente dos municípios portugueses com maior risco de contágio.
"Devido a estes números tão elevados, estávamos indiciados para sermos dos primeiros concelhos a vacinar os utentes dos lares, mas por causa dos surtos nas instituições de Mourão e da aldeia da Luz, só Granja vai avançar", confirma o autarca. As vacinas só vão entrar nos outros dois lares depois dos residentes e funcionários testarem negativo.
O concelho contabiliza 78 pessoas contagiadas, estando a maior preocupação centrada no lar da Nossa Senhora das Candeias (no centro de Mourão), registando três mortes e quatro doentes internados, além de 48 residentes e nove funcionários infetados. A própria presidente da Câmara encontra-se em isolamento profilático após ter mantido contacto com um caso positivo.
A campanha de vacinação deveria abranger mais dois lares do concelhos, mas os surtos de covid-19 impediram o início da campanha.
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