Enfermeiros denunciam. Vacinas desviadas e falta de refeições para os profissionais
Bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz que há hospitais e lares onde as vacinas para os profissionais de saúde estão a ser desviadas.
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A Ordem dos Enfermeiros denuncia que há vacinas contra a Covid-19 que estão a ser desviadas para profissionais que não têm contacto direto com os doentes. A bastonária Ana Rita Cavaco afirma que tem recebido várias queixas de situações do género por parte de profissionais de saúde que trabalham em hospitais e em lares de idosos.
Em declarações à TSF, Ana Rita Cavaco conta que tem recebido, "infelizmente, alguns relatos". No momento da vacinação "nos lares e estruturas residenciais para idosos, sobretudo em terras mais pequenas, têm estado a ser desviadas vacinas para motoristas, administrativos e outras pessoas que não estão em contacto direto com os doentes - ao invés de assistentes operacionais e enfermeiros", refere. "Também está a acontecer em alguns hospitais, algumas pessoas estão a fazer a vacina, não sendo elas que estão em contacto direto com os doentes Covid."
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Ana Rita Cavaco aponta dois exemplos de unidades de saúde onde este desvio de vacinas terá acontecido: o Hospital de Almada e o Hospital de Penafiel.
As queixas já foram encaminhadas, pela Ordem dos Enfermeiros, "para o Ministério [da Saúde]" e para "entidades oficiais como a Assembleia da República, grupos parlamentares, partidos políticos e o Presidente da República".
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"Entendemos que esta situação tem de ser muito bem averiguada pelo Ministério da Saúde porque as prioridades são para cumprir. O plano está bem feito, agora, se ele, na prática, não for implementado corretamente, nós deixamos de ter enfermeiros e assistentes operacionais", alega.
Esta quinta-feira, corre nas redes sociais o desabafo de uma enfermeira, que, depois de 11 horas de trabalho, recebeu como refeição uma sandes, uma maçã e um sumo.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros confirma que também estes casos são recorrentes, mas sublinha que, na realidade, a maioria dos profissionais nem consegue comer, dado o elevado volume de trabalho. Ana Rita Cavaco garante que são muitos os casos em que há cinco enfermeiros para cem doentes.
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"Muitos deles estão a fazer turnos de 12 horas, de 16 horas, de 18 horas... Está a ser muito difícil comerem, beberem, irem à casa de banho", nota Ana Rita Cavaco. "E quem está diretamente com doentes Covid tem de estar completamente equipado. Esses fatos não se podem andar a tirar e a por porque são momentos que potenciam o risco de infeção e, portanto, muitas vezes, eles estão muito mais do que seis horas sem conseguir beber água, e faz muito calor dentro desses fatos", lembra.
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