O presidente do PS admite que vai haver um "desequilíbrio inevitável das contas públicas" e a necessidade de "mobilizar recursos enormes na área da saúde e da Segurança Social".
Corpo do artigo
Carlos César não tem dúvidas de que vai ser preciso um Orçamento retificativo devido à crise do novo surto de coronavírus que Portugal está a viver. O presidente do PS vai até mais longe: "Vai ser certamente necessário fazer um ou mais orçamentos retificativos porque Estado não tem fundos para fazer o que tem de fazer e o que será indispensável fazer."
A ideia de um possível Orçamento retificativo já tinha sido admitida pelo ministro das Finanças, que recordou que "não estamos em tempos normais" e que depois de serem "esgotadas as folgas (...) não há nenhuma questão que possa impedir" este novo Orçamento.
Nos Almoços Grátis da TSF, Carlos César lembra que "o turismo representa à volta de 10% do nosso PIB, o comércio 20%", o que leva a prever uma "enorme recessão, uma paralisação e consequências na riqueza nacional e na sua capacidade".
"Vamos ter um desequilíbrio inevitável das contas públicas e a necessidade de mobilizar recursos enormes na área da saúde e da Segurança Social, que é a área que vai sustentar o mais cheque de apoio à economia, empresas e família", acrescenta, sublinhando que "algumas das medidas vão entrar já na primeira semana de abril".
Porém, alerta, "todas as medidas dependem de medidas no plano europeu", sendo que a Europa está toda numa situação difícil para combater esta pandemia. "Em fevereiro UE antecipado projeções de crescimento de 1,4 a 1,2%, agora já há uma recessão mais profunda à de 2009, o pior ano da crise", ressalva o socialista.
Admitindo a possibilidade de ser necessário uma espécie de um novo Plano Marshall, Carlos César acredita que agora a UE tem "uma oportunidade de se reconstituir como bloco político, económico e social", mas não vê "grandes sinais" de que tal possa acontecer.
Perante o cenário, o presidente do PS aponta ainda o dedo aos nacionalistas: "Nunca como agora nacionalistas parecem tão estúpidos e organizações supranacionais eficazes seriam tão desnecessárias."
* Entrevista dos Almoços Grátis feita por Anselmo Crespo