"Vai ver se eu não tenho 20." Alunos confiantes perante exame de português do 12.º ano
Mais de 81 mil alunos em todo o país estavam inscritos para fazer a prova esta terça-feira
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Está quase a tocar para o fim do exame. Da escola secundária João de Deus, em Faro, saem os primeiros alunos. Cá fora, esperam ansiosas as professoras de português, que ainda não conhecem o exame. Quando dão uma primeira olhadela à prova, mostram-se reticentes a dar as primeiras impressões aos alunos. Mas, por parte dos estudantes, há alguma confiança.
-"Não era preciso estudar!", garante uma aluna.
"Não era preciso estudar?", indigna-se a professora.
Quem fez a afirmação tenta explicar que o exame apelava mais à interpretação de textos e menos ao conhecimento da matéria. "Os Lusíadas" de Camões e "A Mensagem" de Fernando Pessoa foram os dois textos principais desta prova.
"Vai ver se não tenho um 20”, afirma confiante a Margarida, dirigindo-se à sua professora de português. A docente responde-lhe que, se tiver a nota máxima, tem que pagar um gelado.
"Correu-me bem e pelo menos um 15 espero”, diz a seguir, mais comedida.
Margarida quer seguir Direito na faculdade e precisava mesmo de realizar esta prova. O Afonso tem o mesmo objetivo: ir para um curso do Ensino Superior. Encontra-se no ramo de Ciências e Tecnologias. Confessa que não gosta muito de português, mas que “ultimamente até se tem saído bem”. No entanto, conhece muitos colegas que não querem prosseguir os estudos e, tal como acontecia antes da pandemia, este ano tiveram que voltar a fazer exame para obter o diploma de 12.º ano.
A Beatriz saiu assim que deu o primeiro toque e não usou a meia hora de tolerância para rever todo o exame. "Estas, se calhar, eram as matérias mais difíceis”, lamenta. “Mas como era só interpretação, não era complicado. Estava tudo lá, era só saber interpretar”, prossegue.
A professora de português Euridice Gonçalves garante que essa foi a sua batalha durante todo o ano letivo: insistir nas competências de interpretação dos alunos. "Este [exame] está na linha do que têm sido os últimos exames”, assegura.
"Está mais na capacidade de interpretação do que no despejar matéria, e durante o ano inteiro treinamos muito e trabalhámos muito a interpretação”, garante.
Os resultados do exame de português do 12.º ano são conhecidos no dia 15 de julho.