"Vamos assistir a uma mudança." Posse de novos comandantes da PSP e da GNR é esta segunda-feira
O presidente do Observatório de Segurança Interna, Hugo Costeira, afirma, em declarações à TSF, que este é "um momento realmente único" e apela para que as forças de segurança "cooperem cada vez mais ente si".
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A posse dos novos comandantes da PSP e da GNR está marcada para esta segunda-feira. Ao comando da Guarda Nacional Republicana ficará o tenente-general Rui Veloso, que substitui Santos Correia, de 62 anos, que cessa funções por ter atingido o limite de idade de passagem à reserva. Na PSP, o novo diretor nacional será o superintendente-chefe José Barros, que substitui Magina da Silva, que tomou posse em fevereiro de 2020.
O presidente do Observatório de Segurança Interna elogia a escolha do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, para a PSP, considerando que esta mudança representa o regresso de um diretor "mais diplomata".
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"O novo diretor nacional é uma pessoa que tem provas dadas ao longo dos anos na PSP. Tem um percurso que lhe permite reconhecer e perceber as especificidades da instituição e as necessidades dos próprios agentes e, portanto, eu acho que é quase um regresso a um diretor nacional mais diplomata, um bocado à semelhança do diretor Luís Farinha, que foi, seguramente, dos melhores diretores nacionais que passaram na PSP. Acho que vamos ter uma imagem outra vez mais consensual, mais próxima dos próprios agentes e da própria classe dos oficiais", defende Hugo Costeira, em declarações à TSF.
O até agora diretor nacional da PSP, Magina da Silva, esteve envolvido em várias polémicas. No ano passado defendeu a diminuição do número de esquadras para obter ganhos de eficiência e eficácia. Ao longo da comissão de serviço entrou em rota de colisão com vários oficiais de topo e em total rutura com os sindicatos. Hugo Costeira diz que, apesar dos conflitos, Magina da Silva merece uma palavra de agradecimento.
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"O superintendente-chefe Magina da Silva teve o seu mandato recheado de algumas conflitualidades ou peripécias. Mas, dificilmente nós conseguiremos algum dia pagar ao superintendente Magina da Silva por tudo aquilo que ele já fez pela polícia - gostassem ou não gostassem", destaca afirmando que "é normal" que o novo diretor "queira ajustar aquilo que entende ter saído ferido da relação anterior".
"E eu até percebo que este diretor nacional é um homem com uma sensibilidade extrema porque tem servido em áreas da PSP que o fazem estar em contacto com problemas realmente verdadeiros e importantes, eu diria até algo tristes, da própria corporação. Esta pessoa é dotada de uma sensibilidade diferente. Nós vamos assistir claramente a uma mudança", assegura.
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Quanto à GNR, que ficará ao comando do tenente-general Rui Veloso, esta é a primeira vez que é nomeado um oficial que não é oriundo das Forças Armadas e que é um oficial de carreira da Guarda, pelo que Hugo Costeira entende que esta é uma atitude de "entregar o comando da casa aos oficiais da própria casa", um momento que considera "realmente único".
"A GNR sempre teve generais brilhantes a comandar, mas o que é certo é que a GNR também tem hoje grandes oficiais de generais que vêm da mesma escola - vêm da Academia Militar - fizeram o seu percurso na GNR de forma transversal e hoje são promovidos a generais e são chamadas a comandar a guarda. Eu acho isso notável e o Governo está de parabéns por ter dado este passo", elogia.
O presidente do Observatório de Segurança Interna considera, ainda, que as forças de segurança devem "cooperar mais entre si" e que a prioridade dos novos comandos deve ser responder às dificuldades, como a falta de meios e de recursos.
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"A GNR não sofre tanto deste mal, mas também já é afetada, mas o que é certo é que nós estamos a ser incapazes de contratar. E não somos capazes de contratar porque as carreiras não são interessantes, porque há uma grande hostilidade social em relação às classes policiais e nós temos de inverter essa tendência. Eu diria que neste momento é o grande desafio. É conseguir contratar, mas, ao mesmo tempo, dar motivos aos que cá estão para continuarem e continuarem a desempenhar a função - que é dificílima, mas que é uma função com a qual eles se comprometeram - mas precisam de condições, de melhores salários, de meios e equipamento", afirma.
A tomada de posse de José Barros Correia na PSP e de Rui Veloso na GNR acontece esta segunda-feira.