"Vamos continuar a subir." Manuel Carmo Gomes diz que é impossível prever pico desta vaga
Para o epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a reação do Governo chegou tarde, lamentando que não se tenha agido mais cedo.
Corpo do artigo
O especialista Manuel Carmo Gomes elogia as medidas adotadas pelo Governo para travar a propagação do contágio no país. Ouvido pela TSF, o especialista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa considera que o encerramento das escolas, tendo em conta o atual cenário, era "inevitável".
"Foi bastante importante tomarmos uma atitude de confinamento mais rígido. Costuma-se dizer que mais vale tarde que nunca, embora eu dissesse que mais valia prevenir do que remediar. Nós no início deste ano, logo na primeira semana de janeiro, já tínhamos sinais de que estávamos a subir muito rapidamente, no seguimento do Natal, defendemos que já havia evidência suficiente para fecharmos de forma drástica e na altura hesitou-se demasiado e agora os números estão aí", sublinha o epidemiologista.
TSF\audio\2021\01\noticias\21\manuel_carmo_gomes_1_medidas_17h
Manuel Carmo Gomes, um dos conselheiros do Governo, avisa que nesta altura ainda não é possível prever quando será atingido o pico desta vaga e deixa uma certeza. "Vamos continuar a subir. Não há que ter ilusões acerca de estarmos no pico, é uma ilusão", afirma.
"Simplesmente, nós projetarmos o futuro próximo com base no que é que tem acontecido nos últimos dias, com este confinamento que não tem sido efetivo, temos um rt que já está a apontar para cima e quando isso acontece deixamos de ver o pico", alerta.
TSF\audio\2021\01\noticias\21\manuel_carmo_gomes_2_pico_17h
O especialista critica o facto de estarmos a "subestimar o que o vírus consegue fazer desde março", lamentando que quer a população, quer o Governo em vez de agir, opte por reagir. "Com ameaças destas, que têm este tipo de dinâmicas, temos de responder com toda a força mal temos um indício de que, neste caso, a epidemia está a subir."
TSF\audio\2021\01\noticias\21\manuel_carmo_gomes_3_substimar_17h
Manuel Carmo Gomes relembra que, em setembro, havia "um sinal muito claro" do início de uma segunda onda. "Nessa altura, por muito que isto custe a acreditar às pessoas e aos nossos dirigentes, devíamos ter feito um confinamento imediatamente tão rígido como este que vamos fazer agora", critica o especialista.