O hidrobiólogo e investigador do Instituto de Ciências Biomédica Abel Salazar, do Porto, explica na tsf que nem tudo é mau nas cheias que estão a assolar a região da Grande Lisboa. As águas pluviais em excesso vão trazer benefícios a curto prazo. Pescadores e agricultores vão notar a diferença.
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No imediato é uma tragédia para as populações., mas curto prazo todos vamos ganhar com mais e melhor produtos agrícolas e mais peixe para a apanha no mar. Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo do Instituto de Ciências Biomédica Abel Salazar (ICBAS), do Porto, explica que a a água da chuva que atravessa as cidades e chega ao mar é uma benesse., porque ao longo do percurso vai recolhendo partículas do solo e torna-se muito rica em nutrientes.
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"Essas partículas que a água vai ganhando têm azoto, fósforo, potássio, e até ouro têm, em quantidades minúsculas, e todos esses elementos são alimentos para os organismos aquáticos que realizam a fotossíntese, ou seja, o plâncton, mas também as macroalgas... e especialmente este plâncton está na base da cadeia alimentar. É como em terra nós termos as vacas, em certas zonas do país, que dizem ser felizes porque comem erva ao ar livre... Neste caso são os peixes, nomeadamente a sardinha, que é feliz, porque come o fitoplâncton. Nós vamos ter consequências muito positivas destas cheias, porque vamos ter mais peixe, uma vez que vai haver mais alimento".
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Também nos solos, a queda intensa de água vai permitir que as terras fiquem mais ricas, proporcionando condições para mais e melhor produção de produtos agrícolas.
"Os terrenos agrícolas alagados, que vemos na televisão, é importante que isso aconteça. Depois de eles serem drenados, em breve, aqueles solos estão muito enriquecidos. Isso significa que os agricultores irão utilizar menos fertilizantes químicos, e vamos ter melhor produção agrícola. Acaba por ser positivo".
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Bordalo e Sá, do ICBAS, explica, ainda, que na grande Lisboa não faria sentido o armazenamento das águas pluviais em depósitos, uma vez que esta zona tem condições que garantem um fornecimento normal.
"Do ponto de Vista técnico, tudo é possível. A água pode ser retida em depósitos, mas não é muto viável porque estes depósitos ocupam, espaço e nas cidades grandes não existe espaço. Em Lisboa, numa situação normal, não falta água. A água vem de Castelo de Bode".
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Sobre as casas afetadas pelas cheias porque foram construídas em zonas de leito, Bordalo e Sá diz que é preciso uma revolução, porque os autarcas teriam de tomar decisões corajosas para impedir que esta situação se repita.