"Proteção dos mais vulneráveis." Reforço contra Covid-19 e gripe arranca em setembro
Marta Temido assinala que são precisas "preparação e proteção" para enfrentar o período dos meses mais frios.
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A ministra da Saúde, Marta Temido, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, revelaram esta tarde que o plano de vacinação outono/inverno para 2022/23 contra a Covid-19 e gripe arranca a 5 de setembro.
Marta Temido revelou também que a mortalidade por Covid-19, tal como os internamentos, mantém uma tendência crescente, mas sublinhou que a prioridade do Governo e das autoridades de saúde portuguesas é proteger os grupos mais vulneráveis.
"O impacto destas circunstâncias tem apontado para uma tendência crescente do número de internamentos, embora estejamos numa situação abaixo dos lineares de risco que foram definidos. Vamos prosseguir com a estratégia de proteção dos mais vulneráveis durante todo o período de verão desde que o contexto se mantenha. Vacinação das crianças, reforço dos adultos que não o fizeram porque estavam infetados e segundo reforço nas estruturas residenciais para idosos e que leva a que hoje, neste grupo, 40% dos ilegíveis já estejam vacinados com a vacinação de reforço", explicou Marta Temido na conferência de imprensa.
Os mais vulneráveis estarão todos vacinados antes da entrada no novo período de outono/inverno, em que os vírus respiratórios tendem a circular mais. Nessa fase, e perante a situação epidemiológica que se verificar na altura, o Governo e a Direção-Geral da Saúde anunciarão mais medidas.
"É necessário que estejamos preparados para enfrentar essa parte, para que todos estejam conscientes daquilo que está planeado, qual vai ser a estratégia de vacinação para o próximo outono/inverno. A vacinação é apenas um dos aspetos deste plano. Vão haver medidas como a ventilação de espaços e estratégia de testagem", sublinhou a ministra da Saúde.
Portugal tem disponíveis cerca de 6,9 milhões de vacinas contra a Covid-19 e prevê uma despesa de 15 milhões de euros para a campanha de vacinação contra a gripe sazonal.
"Uma visão para esta época que se situa em torno de duas palavras: preparação e proteção, porque esta campanha vai, uma vez mais, incidir sobre as pessoas mais expostas pelas circunstâncias sazonais. Dispomos das vacinas em stock e estamos aqui a apresentar o que é essencial para este plano, na medida em que sabemos que a vacinação protege. Sabemos que o plano é desenhado num contexto em que há algumas incertezas como o surgimento de algumas variantes, o aparecimento e eficácia de novas vacinas e a própria efetividade vacinal. Estamos preparados para incorporar essas alterações caso seja necessário e, à semelhança do que já foi feito em países como França e Reino Unido, hoje aqui estamos para ouvir a DGS e para partilhar aquilo que está planeado", afirmou.
Vacinas da Covid-19 adaptadas são só para residentes em lares
Graça Freitas esclareceu que as vacinas adaptadas para a Covid-19 destinam-se apenas a "um grupo muito especial", que é o das pessoas residentes em lares. O reforço da vacina para a gripe - 120 mil doses disponíveis - também é apenas destinado a esta população mais vulnerável.
"Como há muita doença a circular, há proporcionalmente um número maior de idosos infetados e um maior número de mortes. Esta variante provoca infeção, mas não provoca tanta gravidade em comparação com as outras", disse a diretora-geral da Saúde.
Varíola dos macacos. "Estamos a equacionar a vacinação"
A diretora-geral da Saúde revelou que as autoridades nacionais estão a equacionar a vacinação contra a varíola humana em Portugal.
"Sabemos que, apesar de termos bastantes casos de infeção humana pelo vírus monkeypox, os casos não apresentam gravidade. Se for necessário, usaremos esta estratégia para tentar conter cadeias de transmissão", admitiu Graça Freitas.
Faltam mais médicos de família em Lisboa e no Algarve
Sobre os médicos de família, a ministra Marta Temido diz que a falta se sente especialmente em Lisboa e no Algarve e que está a ser definida uma estratégia para atacar o problema nos próximos três anos, atraindo os médicos para estas zonas. Uma das medidas passa por aumentar em 60% os salários dos médicos que aceitarem ir para esses locais.
"Pagar mais a quem, de facto, aceite ir para estes locais onde há maior carência de médicos de família. Uma segunda linha onde há uma aposta na criação acelerada, com um compromisso de transferência de unidades de saúde primário para USF modelo A e de USF modelo A para USF modelo B. O terceiro aspeto é, exatamente, este da possibilidade da celebração de contratos diretos, sem recurso a prestações de serviço, que é algo que tem uma grande volatilidade, com profissionais que, não sendo especialistas, podem apoiar. Não podem, naturalmente, ser médicos de família, não terão listas atribuídas, não contam para a cobertura por médico de família mas respondem, de alguma forma, às necessidades da população e é nisso que estamos focados", acrescentou Marta Temido.
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