Vem aí o horário de inverno com dias mais curtos: relógios atrasam uma hora na madrugada de domingo
Às 02h00, os ponteiros do relógio devem recuar 60 minutos, passando para a 01h00
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Vem aí o horário de inverno: a partir da madrugada do próximo domingo, 27 de outubro, os dias vão ficar mais curtos, com os relógios a atrasarem uma hora.
Em Portugal continental e na Madeira, quando forem 02h00, os ponteiros do relógio devem recuar 60 minutos, passando para a 01h00. Já nos Açores, a mudança da hora ocorre à 01h00 de domingo, passando a ser meia-noite.
Esta mudança da hora marca o fim do horário de verão e o regresso do horário de inverno. Com os relógios a atrasarem uma hora, os dias terão mais uma hora de luz de manhã, mas a noite chegará mais cedo, por volta das 18h00. A hora só voltará a mudar a 30 de março de 2025, regressando ao horário de verão.
O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
A proposta para acabar com a mudança da hora foi apresentada pela Comissão Europeia em 2018. Um ano depois, foi aprovada pelo Parlamento Europeu. No entanto, o conselho da União Europeia não foi favorável e, por isso, a mudança de hora continua em vigor.
Horário de verão ou de inverno: o que defendem os especialistas?
Também em 2018, um inquérito online lançado pelo Parlamento Europeu (respondido apenas por 0,85% dos europeus) mostrou que 79% dos inquiridos preferiam acabar com a mudança de hora e manter sempre o horário de verão. Já os especialistas que defendem a mudança da hora preferem manter o horário de inverno.
Em 2021, a Associação Portuguesa do Sono (APS) explicou que, segundo vários estudos, a abolição da mudança horária e a permanência na hora de inverno "tem efeitos benéficos para a saúde física e psicológica”, com "eventual repercussão sócio-económica positiva". Segundo a APS, o horário de verão, pelo contrário, “tem diversos problemas a curto prazo: sono mais curto, pior desempenho profissional e escolar e maior frequência de acidentes cardio e cerebrovasculares e de acidentes de viação”.
A associação refere que, a longo prazo, “há uma maior propensão para cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas (como a Alzheimer), redução da imunidade e compromisso psicopatológico".
"O sono de crianças, adolescentes e jovens adultos também fica afetado com o avanço diário de uma hora, podendo manifestar-se dificuldade no adormecimento de algumas crianças enquanto ainda é dia, agravamento da tendência para deitar mais tarde durante a adolescência; consequente tendência à redução do tempo de sono noturno durante os dias de aulas e aumento de compensação ao fim de semana", afirma ainda a APS, acrescentando que o argumento da poupança energética, utilizado diversas vezes para manter as mudanças de horas, “não se tem revelado com peso suficiente para contrariar os efeitos negativos do acréscimo anual de uma hora ao longo de, pelo menos, sete meses do ano”.
"Assim, a APS defende a adoção permanente do horário de inverno por apresentar mais vantagens, como mais luz natural ao início da manhã, com efeitos benéficos para o ritmo de sono-vigília pelo maior alinhamento com o ciclo natural luz-escuro (maior facilidade em adormecer e acordar, atenuação do jetlag social); melhoria do desempenho profissional e escolar, melhoria da saúde mental, redução do risco da doença física (cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, problemas da imunidade); redução de risco de acidentes e provável repercussão positiva para a economia", sublinha.
Em Portugal, a mudança de hora surgiu em 1916, altura em que surgiram os primeiros decretos sobre a alteração dos relógios. Desde essa altura, a alteração horária no verão e no inverno tornou-se uma tradição, que, ainda assim, não aconteceu todos os anos. De 1992 a 1996, devido a uma decisão de Cavaco Silva, os relógios portugueses estavam de acordo com o horário de Bruxelas e dos países da Europa Central. A ordem foi depois revertida por António Guterres.