"O objetivo desta cooperação institucional, política e técnica é podermos vir a encontrar ideias e contributos de natureza técnica, em termos de solução, que nos ajudem a tomar boas decisões", explica José Ribau Esteves.
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O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, anunciou esta segunda-feira que foi estabelecida cooperação com as autoridades de Veneza para estudar medidas de defesa contra a subida das águas.
Ribau Esteves deslocou-se a Itália onde foi recebido por Pierpaolo Campostrini, diretor-geral do "Consórcio para a Coordenação das Atividades de Investigação sobre o Sistema Lagunar de Veneza" (CORILA), que congrega o governo regional, a Câmara de Veneza e várias empresas italianas e multinacionais.
Cabe àquela entidade acompanhar e participar na conceção e cogestão dos projetos e das obras dos diques de Veneza, conhecido como sistema MOSE, assim como outras atividades em desenvolvimento no âmbito da sustentabilidade da cidade, da laguna e da área metropolitana de Veneza.
"O conhecimento do sistema MOSE reveste-se da maior importância para o aprofundamento do trabalho de definição de soluções para defesa do território da Ria de Aveiro e especificamente da Cidade de Aveiro, tendo sido assumido o compromisso de cooperação, neste âmbito, ao nível político e técnico", sublinha o autarca português.
Em declarações à Lusa, Ribau Esteves refere que as duas cidades têm "afinidades interessantes" e adianta que, na sequência da visita, vai ser calendarizada uma outra deslocação mais técnica, para visitar o sistema MOSE no terreno, e depois virá a Aveiro uma delegação italiana para conhecer a realidade dos canais da Ria de Aveiro.
"O objetivo desta cooperação institucional, política e técnica é podermos vir a encontrar ideias e contributos de natureza técnica, em termos de solução, que nos ajudem a tomar boas decisões", explicou Ribau Esteves.
Aveiro procura antecipar cenários, no quadro do Plano Municipal de Combate às Alterações Climáticas, promovendo "parcerias úteis, para futuras operações de projeto e obras de adaptação e qualificação do centro da Cidade de Aveiro e dos territórios da Ria de Aveiro, face à previsível continuada elevação do nível das águas do mar e da Ria de Aveiro".
Para isso encomendou um estudo ao professor Carmona Rodrigues, de que se aguarda o relatório final, em que é analisada a possibilidade de aumentar a capacidade do sistema de comportas e eclusa que Aveiro possui nos canais urbanos, para manter uma toalha de água permanente e defender a baixa da cidade do efeito das marés.
"Aquilo que os milhões de turistas em Veneza não constatam é o sistema que Veneza já construiu, na sua maior parte e que ainda tem em desenvolvimento parcialmente, para a defender de alturas de marés mais altas, que obviamente provocariam inundações em vastas áreas urbanas de Veneza", destaca o autarca, em declarações à TSF, sublinhando que as conclusões de alguns estudos defendem que, sem o sistema atual, "70% da área urbana de Veneza ficaria submersa com uma cota relevante"
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É precisamente este o cenário que Ribau Esteves quer evitar em Aveiro. Destacando que a cidade portuguesa já tem um sistema "de comportas e eclusa", que defende os cidadãos das inundações, o presidente da Câmara defende que o que esta cooperação pretende é perceber "em que aspetos" é que é necessário "capacitar o sistema para que daqui a cinco, dez, 40, 50 anos mantenha a capacidade que tem hoje de proteger as zonas mais baixas de Aveiro de picos de marés altas com momentos de muita chuva".
"Nós já temos esse sistema, mas também temos um compromisso connosco e com o futuro de fazer estas decisões e tomar estas decisões que nos levem a tomar opções de investimento em obra para aumentar a capacidade do sistema de comportas e eclusa de Aveiro, para nos manter protegidos do excesso de água da nossa ria e do nosso mar", explica.
Antes de qualquer obra, Ribau Esteves quer aprofundar a cooperação com as autoridades italianas, nomeadamente sobre as técnicas de engenharia utilizadas para a defesa de Veneza, que possam vir a ser úteis.
"A realidade é a de um mar diferente, do Mediterrâneo e do Adriático, não é o Atlântico, mas é um caso concretizado (o sistema MOSE), sobre o qual devemos refletir e discutir", concluiu o autarca.